Cabo Verde nega desinteresse pela União Africana e CEDEAO
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, defendeu quinta-feira, na cidade da Praia, uma política mais forte, mais ativa e mais interveniente de Cabo Verde em organizações regionais como a União Africana e CEDEAO, mas rejeitou que haja desinteresse do seu país em relação a África.
Em conferência de imprensa, Jorge Carlos Fonseca disse duvidar que antes de 2011, ano em que foi eleito para o seu primeiro mandato, “Cabo Verde frequentasse mais a União Africana e a CEDEAO do que agora”.
Mesmo sem apontar dados estatísticos no momento para sustentar a sua afirmação, o chefe de Estado cabo-verdiano disse estar “convencido” que o país vai mais agora às cimeiras da UA e da CEDEAO, bem como às reuniões técnicas.
O Presidente cabo-verdiano referiu, a este propósito, que “há muito tempo” que Cabo Verde pediu autorização para ter um embaixador em Lagos, mas ainda está à espera de resposta do Presidente da Nigéria.
Apesar de garantir que não há ‘descaso’ do seu País em relação a Africa, o chefe de Estado cabo-verdiano admitiu que uma política mais forte, mais ativa e mais interveniente, seja na União Africana, seja na CEDEAO é dificultada pelos parcos recursos do país.
No encontro com a imprensa a propósito dos 45 anos da independência de Cabo Verde, que serão celebrados a 05 de julho, Jorge Carlos Fonseca abordou ainda a questão da moeda única africana, considerando que é um “projeto ambicioso”, mas por ora “impraticável” no seu país.
“É um projeto ambicioso, assim como é ambiciosa a CEDEAO em matéria de política monetária, mas a posição dos governos de Cabo Verde tem sido invariavelmente não dizer que não, mas por ora isso em Cabo Verde é impraticável”, sustentou.
O chefe de Estado lembrou que Cabo Verde apostou no escudo cabo-verdiano e numa paridade fixa com o euro, que tem a ver com a parceria especial com a União Europeia, pelo que a ideia de abraçar uma moeda única africana “não é para os tempos mais próximos”.
A União Africana pretendia adotar até este ano uma moeda única, com vista a facilitar as trocas comerciais no continente, mas no ano passado Jorge Carlos Fonseca já tinha pedido “muita cautela”, tendo em conta a “situação específica” do arquipélago e as relações com a Europa.
Nesta ótica, o chefe de Estado cabo-verdiano defendeu que, com o fim da Guerra Fria e com uma nova configuração internacional, Cabo Verde deve apostar numa política de “plurialinhamento” ou de “pluriancoragem”, em que se aproxima mais a cada momento de um país ou de um bloco.
“Na política externa, um país com poucos recursos, meio milhão de pessoas, ilhas, problemas de chuva, nós devemos ancorar-nos ou alinhar-nos consoante o contexto e consoante os nossos interesses”, defendeu Jorge Carlos Fonseca.
“Para mim é tão importante a União Europeia, como é importante, estrategicamente, a CEDEAO, e como é importante ter um bom relacionamento com os Estados Unidos”, continuou o Presidente, alertando para a necessidade de prudência nas relações internacionais.
Jorge Carlos Fonseca fez questão de recordar que, em todos esses países, Cabo Verde tem comunidades e o país tem feito uma “política interessante” em relação a elas.
No entanto, ele defendeu “políticas mais assertivas e mais ativas” com esses países, dada a “ligação muito forte” que os emigrantes neles residentes têm com Cabo Verde.
-0- PANA CS/IZ 03julho2020