Cabo Verde mantém-se na 25.ª posição no ranking da Liberdade de Imprensa
Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde mantém-se em 25.ª posição no ranking da Liberdade de Imprensa 2020, divulgado, terca-feira última, pela Repórteres Sem Fronteira (RSF), apesar do país ter somado +0,34 na pontuação global em relação a 2019, apurou a PANA junto desta organização.
De acordo com a edição deste ano do ranking, divulgada no site oficial da RSF, Cabo Verde distinguiu-se pela ausência de ataques contra jornalistas, uma grande liberdade de imprensa, garantida pela Constituição, enquanto a pressão sobre os meios de comunicação públicos diminui ao longo do último ano.
Sobre Cabo Verde, os RSF destacam, para além da diminuição do controlo político sobre os órgãos de comunicação públicos, a decisão do Governo de abdicar da nomeação dos administradores da televisão estatal, que passam a ser escolhidos por um conselho independente.
Contudo, o referido relatório aponta que o panorama mediático em Cabo Verde ainda é dominado pelos veículos de comunicação estatais, cujos funcionários são nomeados diretamente pelo Governo, incluindo o principal canal de televisão, TCV, e a Rádio Nacional de Cabo Verde (RCV).
A RSF reconhece também que, apesar do conteúdo destes dois órgãos públicos não seja controlado, permanece a prática da autocensura por parte dos jornalistas.
O documento destaca que a empresa Rádio Televisão Cabo-verdiana (RTC), proprietária da RCV e TCV, quer impor aos seus jornalistas um código de ética e conduta, incluindo várias cláusulas que limitam a liberdade de expressão dos jornalistas nas redes sociais.
Conforme o relatório dos RSF, o desenvolvimento dos meios de comunicação privados em Cabo Verde “é limitado por um mercado publicitário restrito e pela ausência de subsídios para operadores de audiovisual”, além do facto de a geografia do arquipélago também “dificultar a distribuição da impressa e a difusão dos media em todas as dez ilhas.”
Em África, Cabo Verde está em segundo, atrás da Namíbia (23), mas, à frente de países como o Gana (30) e a África do Sul (31), enquanto a Eritreia (178) continua a ser o pior representante do continente.
A Noruega (1) e a Finlândia (2) ocupam, pelo segundo ano consecutivo, as primeiras posições, seguidas pela Dinamarca (3), que subiu dois pontos, e pela Suécia (4), que caiu um ponto.
Por sua vez, a Correia do Norte (180) ficou em última posição.
O estudo aponta que a pandemia de Covid-19 (coronavírus) provocou medidas restritivas relativamente à imprensa nos países muito afetados pelo vírus.
“A crise sanitária é uma oportunidade para governos autoritários implementarem a famosa ‘doutrina do choque’, tirando proveito da neutralização da vida política, do espanto do público e do enfraquecimento da mobilização para impor medidas impossíveis de adotar em tempos normais", denunciou a RSF.
Para que esta década decisiva não seja desastrosa, as pessoas devem mobilizar-se para que os jornalistas possam exercer a sua função como agentes de confiança da sociedade, o que pressupõe a garantia dos meios para o fazerem", refere Christophe Deloire, secretário-geral da RSF.
-0- PANA CS/DD 21abril2020