Cabo Verde investiga sobre vídeos de maus tratos a soldados
Praia, Cabo Verde (PANA) – As Forças Armadas de Cabo Verde (FACV) anunciaram a abertura de uma averiguação a vídeos nas redes sociais com maus tratos e alusão a atos sexuais praticados contra soldados por colegas mais velhos.
Num dos vídeos postos a circular nas redes sociais e que está a causar muita indignação, em Cabo Verde, vê-se três soldados, devidamente fardados, a serem obrigados a fingir praticar atos sexuais contra uma parede, ao mesmo tempo que os mandantes gravam e riem-se da situação.
Pelas imagens, pode-se depreender que os vídeos foram gravados recentemente, porque dois dos soldados usam uma máscara de proteção contra a covid-19.
Em comunicado, o comando superior da instituição militar esclarece que tomou conhecimento de um "vídeo hediondo", onde soldados abusam de "forma vergonhosa" de seus colegas mais novos, ordenando-lhes para fazerem atos contra a sua vontade.
"De imediato foi ordenada a averiguação sobre tais situações, para se determinar a data dos factos, os seus autores, o local e os factos indiciadores de responsabilidades disciplinares, criminais e demais responsabilidades inerentes", garantiu.
As Forças Armadas Cabo-verdianas sublinham que os regulamentos militares proíbem de forma explícita e veemente todos os comportamentos constantes dos vídeos, sendo puníveis nos termos do Código de Justiça Militar e do Regulamento de Disciplina Militar em vigor.
Além disso, lembra que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, major-general Anildo Morais, proibiu qualquer tipo de sevícias, sanções corporais, ofensas à integridade física ou moral, a prisão arbitrária e castigos físicos excessivos nas Forças Armadas.
"Importa ressalvar que os factos constantes do referido vídeo não ocorreram a mando de qualquer superior hierárquico, ou no âmbito de instrução, sendo factos condenáveis, vergonhosos e violam todos os princípios que enformam a instituição militar", salientou a mesma fonte.
As Forças Armadas condenaram "veementemente" os maus tratos e prometeram que os prevaricadores serão "exemplarmente punidos" nos termos das leis e regulamentos militares.
No mesmo comunicado, a instituição castrense cabo-verdiana recordou que este é o segundo vídeo do tipo de que toma conhecimento, depois de um outro, em 03 de março passado.
Nesse último, aparecem alguns militares a agarrarem um seu colega, "infligindo-lhe maus tratos de forma cruel, desumana e vergonhosa, colocando em causa todos os princípios castrenses e violando todos os regulamentos militares".
Nesse caso, os prevaricadores foram identificados, foi aberta uma instrução criminal, investigado por um promotor de Justiça junto do Tribunal Militar de Instância, que concluiu o processo em 09 de abril.
"No mesmo sentido foi ordenada a instauração de um processo disciplinar contra todos os envolvidos, tendo sido os participantes punidos disciplinarmente de forma exemplar, ficando a aguardar as subsequentes démarches judiciais", recordam as Forças Armadas.
A mesma fonte referiu ainda que alguns dos participantes do vídeo se encontravam já em situação de disponibilidade, tendo sido chamados a prestar depoimento e a responder pelos atos cometidos.
Também foi ordenada uma campanha de esclarecimentos a todos os militares no intuito de prevenir futuras situações do tipo.
Entretanto, o Presidente de Cabo Verde, comandante supremo das Forças Armadas, já veio dizer que está a acompanhar a situação envolvendo "factos de muita gravidade" em instalações militares do país.
Numa mensagem colocada na sua conta oficial na rede social Facebook, Jorge Carlos Fonseca refere que se reuniu terça-feira com o chefe da Casa Militar do Presidente da República.
Explicou que em seguida conversou com o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMFA) "sobre a ocorrência de factos de muita gravidade em instalações militares", sem concretizar a situação.
-0- PANA CS/IZ 19maio2021