Cabo Verde investe 900 milhões de euros resolver défice habitacional
Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde deverá investir, nos próximo 10 anos, 100 milhões de contos (mais de 900 milhões de euros) em projetos habitacionais para construir mais de 20 mil casas e recuperar outras 60 mil, anunciou quinta-feira o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia.
Trata-se de um projeto que se integra no âmbito do programa “Cabo Verde: Ambição 2030”, de mais de 4,5 mil milhões de euros, a ser apresentado nesta sexta-feira pelo Governo ao Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca.
O governante recordou que um estudo sobre o perfil do setor da habitação, promovido pelo Governo, com o apoio da ONU Habitat, concluído neste ano, apontou para 11 mil 119 agregados familiares a necessitarem de casas em Cabo Verde, o que, a seu ver, corresponde a 8,7 por cento do total dos agregados cabo-verdianos.
Ao fazer a apresentação do programa “Cabo Verde: Ambição 2030”, Olavo Correia salientou que este surge em pleno período de crise económica no arquipélago cabo-verdiano, devida à pandemia da covid-19 (coronavírus), pelo que, segundo ele, “a situação atual vai requerer de todos um forte sentido de responsabilidade.”.
Alertou que o país vai enfrentar sérias consequências económicas devido à pandemia.
“Trata-se de uma Ambição cujo exercício para a sua construção deve ser abrangente, participativo, inclusivo para representar toda nação cabo-verdiana. ‘Cabo Verde: Ambição 2030’ será um documento de todos os Cabo-verdianos, feito por todos”, escreveu o vice-primeiro-ministro.
Assumiu o objetivo de mobilizar, neste processo, diversos parceiros de desenvolvimento do país.
Segundo o governante, para além da problemática da habitação, outra das vertentes desta agenda é a resposta macroeconómica e a solução para a dívida pública do país, que, devido às necessidades de financiamento provocadas pela pandemia de covid-19, deverá chegar a um volume equivalente a 150 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), em 2021.
“É essencial nesta estratégia, que envolve todos esses pilares, enquadrar a dívida, particularmente a dívida externa, porque, pelos dados que dispomos, Cabo Verde precisa investir, até 2030, mais 500 milhões de contos [4,5 mil milhões de euros] nos mais diversos setores e isto não será possível com o nível de dívida pública que temos no nosso balanço”, frisou.
A segurança é um outro dos pilares deste programa de 10 anos, tal como a saúde, neste caso com uma aposta numa rede nacional e no setor farmacêutico do país, de acordo com Olavo Correia..
“Sem uma saúde pública em condições, não conseguiremos ser um país turístico, nem garantir a diversificação da economia cabo-verdiana”, frisou.
O setor da economia digital é outra aposta, mencionou o vice-primeiro-ministro, classificando-o como “imprescindível”, nomeadamente para a criação de empregos qualificados para jovens.
“Estamos a falar do setor do futuro. Tudo temos de fazer para investirmos e criarmos condições para fazermos de Cabo Verde um país inteligente e um país digital”, destacou.
A agenda até 2030 assenta ainda no pilar da energia, da água, do saneamento e da habitação social, mas também na resiliência do país, que enfrenta períodos de seca prolongada consecutivos, segundo o governante.
A seu ver, sem uma agenda forte de transformação agrícola, não se conseguirá vencer o desafio da pobreza.
"Sem água de rega acessível e a bom preço, não conseguiremos resolver a questão da transformação agrícola, Sem energia acessível e a bom preço, também não conseguiremos”, salientou Olavo Correia.
Constam igualmente desta agenda, apostas no capital humano, a inclusão social, a qualificação das instituições e o plano para uma “ancoragem internacional” do arquipélago para poder gerir melhor os choques externos”, concluiu.
-0- PANA CS/DD 19junho2020