Cabo Verde insatisfeito com serviço da concessionária dos transportes marítimos
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Governo cabo-verdiano “não está satisfeito” com o serviço prestado pela concessionária dos transportes marítimos, a CV Interilhas, apurou a PANA de fonte segura.
Segundo o ministro da Economia Marítima de Cabo Verde, Paulo Veiga, durante uma visita segunda-feira na cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, a insatisfação do Executivo surge no dia em que a empresa anunciou a redução de algumas ligações marítimas para os próximos dias, devido à paragem, para reparação, de três navios, ou seja, a metade da frota ao seu serviço.
O govetrnante referia-se a uma nota publicada no Facebook pela CV Interilhas, segundo a qual a paragem para reparação dos três navios, quase em simultâneo, obriga a empresa a utilizar de forma mais racional possível os recursos disponíveis para poder garantir o serviço mínimo em todo o país, que será normalizado nos próximos dias.
Em conferência de imprensa o ministro da Economia Marítima indicou que, apesar do Governo não estar satisfeito com o serviço prestado, ele reconhece melhorias nos transportes marítimos em um ano e meio, período de tempo que a CV Interilhas assegura as ligações via marítima entre as ilhas do arquipélago.
"Percebo que a crítica vá de encontro com a concessionária, mas não depende só deles", defendeu Paulo Veiga, para quem, . "É urgente também a substituição da frota", completou o ministro.
O governante informou, a proposito, que "em breve" a empresa vai anunciar uma segunda embarcação para ligar as ilhas.
No primeiro ano de atividade (até agosto de 2020), a CV Interilhas transportou 423 mil passageiros entre as ilhas cabo-verdianas, em quatro mil 60 viagens, além de 39 mil viaturas e 41 mil toneladas de carga geral.
No entanto, o serviço prestado pela empresa tem vindo a ser alvo de criticas e reclamações por parte dos utentes que se queixam de sucessivos atrasos e interrupções das viagens pelos navios da CV Interillhas.
O desempenho da empresa, liderada pela portuguesa Transinsular, tem sido alvo de críticas por parte dos partidos políticos da oposição , que contestam a atribuição da concessão a uma empresa de capital maioritariamente estrangeiro.
Entretanto, o Governo já anunciou que vai renegociar este ano o contrato de concessão do serviço público de transporte marítimo interilhas de passageiros e carga, conforme documentos de suporte à proposta de lei do Orçamento do Estado para 2021, que incluem um corte de quase 30 por cento nos subsídios, que englobam a indenização compensatória à CV Interilhas (CVI).
Este é um dos vários cortes previstos pelo Governo, para tentar reequilibrar contas públicas, afetadas pela crise da pandemia de covid-19.
Paulo Veiga confirmou que a negociação para renovar o contrato já começou e que deverão ser feitas “algumas melhorias”, especialmente na parte técnica.
Isto, porque, segundo ele, o contrato estava “muito rígido”, sobretudo em relação à renovação da frota e do tipo de embarcação previsto para a concessão.
“Não podemos ter o mesmo tipo de barco para fluxos diferentes e demandas diferentes”, explicou, acrescentando que a renovação deverá observar aspetos como reestruturar a parte técnica, mas também “algumas gralhas” que precisavam de ser corrigidas.
“Pensámos que, até finais de fevereiro próximo, teremos os acordos todos”, considerou o governante, para quem o contrato de 20 anos tinha cláusulas “muito rígidas”, que não permitiam acompanhar a evolução do mercado, e que agora vão ser alteradas para se ter embarcações adequadas para cada ilha.
-0- PANA CS/DD 18jan2021