Cabo Verde inicia instalação de unidade para produzir atum em aquacultura
Praia, Cabo Verde (PANA) - Uma primeira fase da instalação de uma unidade de produção de atum em aquacultura na ilha de cabo-verdiana de São Vicente iniciou-se segunda-feira última na cidade da Praia, sob a égide dum uma empresa norueguesa, Nortuna AS, soube a. PANA de donde oficial.
A informação foi dada segunda -feira última pela Cabo Verde Tradeinvest, entidade pública responsável pela captação de investimento estrangeiro para o país.
Segundo a Cabo Verde Tradeinvest, os trabalhos que envolvem a construção do empreendimento em terra já decorrem no vale do Flamengo e espera-se que o empreendimento venha ter um "grande impacto" na economia cabo-verdiana.
De acordo com a fonte, prevê-se que a unidade venha a ser das maiores exportadoras do pais em três anos, quando atingir a marca de 10 mil toneladas de atum-rabilho do atlântico, produzidas em aquacultura localmente.
Segundo um estudo de impacto ambiental deste empreendimento, a primeira fase implica um investimento de 2,5 milhões de euros, que se somam a outros seis milhões investido no programa de pesquisa e desenvolvimento sobre a espécie deste atum.
Esta primeira fase prevê a montagem dum processo de incubação e produção de biomassa para atum rabilho ao longo deste ano, segundo a fonte.
Seguir-se-á a expansão e o processamento, no primeiro trimestre de 2022, e depois o início da produção em larga escala, bem como a transformação daquela espécie, entre 2023 e 2024, que será a terceira e última fase do projeto.
A primeira fase deste projeto arranca agora com a previsão de criação de 12 postos de trabalho, que sobe para 92 empregos na segunda fase e para 400 empregos até 2024, com o pleno funcionamento de uma "fazenda 'offshore'" no mar cabo-verdiano, para a produção daquela espécie de atum em aquacultura.
A primeira fase, piloto, envolve a construção das zonas de incubadoras e de montagem de equipamentos que definam o processo de incubação e de teste, tendo já a capacidade de produção de até 300 toneladas por ano.
A segunda fase já comporta o cultivo da espécie ABFT na baía -- aquacultura no mar - de Flamengo "em larga escala", cujo volume de produção estimado se situa entre oito mil e 10 mil toneladas por ano.
A terceira fase prevê a produção em larga escala, a transformação e o alargamento da produção para outras ilhas de Cabo Verde, nomeadamente Santo Antão e São Nicolau", explica a empresa no estudo.
"O projeto de aquacultura que a Nortuna pretende implementar em Cabo Verde tem por base os oito anos de atividades de pesquisa realizadas pela empresa", lê-se no estudo de impacto ambiental.
O atum-rabilho (Thunnus thynnus), que pode ultrapassar os 200 quilos por peixe, é considerado o "rei" do sushi e apresenta, recorda a empresa, o valor mais alto de mercado, com o Japão a garantir 60 por cento das compras.
Trata-se de uma espécie classificada como ameaçada, e o excesso nas capturas no Atlântico e no Pacífico levou várias empresas a apostarem em produção certificada através de aquacultura.
De acordo com o documento, os sócios da norueguesa Nortuna decidiram-se pela criação de uma empresa com sede na ilha de São Vicente, a Nortuna Cabo Verde, formalizada já em outubro último.
"O financiamento inicial (nos dois primeiros anos) do projeto está garantido em 70 por cento pelos investidores da Nortuna AS, e os restantes 30 por cento pela combinação de empréstimos e de apoios das autoridades norueguesas", acrescenta o estudo.
Além dos postos de trabalho que serão gerados diretamente e relacionados com a operacionalização do projeto, está previsto que o empreendimento permita criar mais 150 a 200 empregos indiretos, nos serviços de apoio à atividade daquela unidade.
Globalmente, o projeto envolve, na fase piloto, uma área reservada de quase seis mil metros quadrados e, posteriormente, está ainda prevista a montagem de um pequeno porto que servirá de apoio às atividades no mar.
O estudo descreve que a Nortuna é uma empresa que "nasceu com o propósito de desenvolver e implementar iniciativas no setor da indústria pesqueira", no setor de aquacultura, "com o foco na implementação de um modelo de produção industrial para a produção aquícola de atum rabilho do atlântico."
Acrescenta que a aquacultura abastece atualmente o mercado mundial com cerca de 50 por cento do pescado consumido e que, até 2030, precisará de elevar esta produção a 85 milhões de toneladas de peixes (o dobro da produção atual) "para manter os atuais níveis de consumo per capita."
"Em linhas gerais, o mercado global de atum e de espécies afins é um dos mais importantes em valores de venda e demanda, com mais de sete milhões de toneladas por ano, e com maior rentabilidade e repercussão a nível internacional", destacam os promotores, para justificar o investimento em Cabo Verde.
-0- PANA CS/DD 09mar2021