Cabo Verde exige “investigação séria” ao incidente com cidadão da Guine-Bissau
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, exigiu uma investigação "séria, objetiva e rigorosa" para apurar os factos incidente que levou à detenção de um cidadão da Guiné-Bissau, na fronteira do aeroporto Nelson Mandela, na cidade da Praia.
Na semana finda, o professor bissau-guineense Jorge de Pina Fernandes enviou uma carta a governantes cabo-verdianos na qual denuncia o que ele considera ter sido "um tratamento desumano" de que foi alvo no aeroporto da capital cabo-verdiana.
Ele escalou o aeroporto internacional da Praia a caminho do Brasil, onde é residente e conclui o seu doutoramento.
Jorge Fernandes, que não precisa de visto para entrar em Cabo Verde, por ter passaporte bissau-guineense, descreve cenas de humilhação por parte da Polícia de fronteira que o deteve por dois dias, tendo inclusive perdido o voo para Brasil.
O secretário de Estado das Comunidades da Guiné-Bissau, Malam Bacai Júnior, condenou sexta-feira, 4, o tratamento dado pelas autoridades cabo-verdianas a Fernandes, enquanto o Governo de Cabo Verde ainda não se pronunciou.
Nas redes sociais, há críticas de todo o lado e pedidos de investigação e medidas.
A partir da ilha do Fogo, onde se encontra em visita, o chefe de Estado cabo-verdiano disse que tomou conhecimento deste caso através da comunicação social e que, pelos relatos e pelo teor das denúncias e das reações tidas, se trata de uma questão que não deve deixar de lhe preocupar.
Como primeiro responsável pelo funcionamento normal das instituições de democracia e pela afirmação da Constituição, dos seus valores e das suas regras, Jorge Fonseca defende o apuramento rigoroso das responsabilidades.
“A partir desta denúncia, sobretudo porque não é um caso ímpar e tem havido outros casos de denuncia de eventuais violações de direitos fundamentais nas esquadras policiais e nas fronteiras do país (...) deve haver um apuramento rigoroso, objetivo e sério dos factos (...) para se poder tirar conclusões fundamentadas e apurar eventuais responsáveis”, disse Jorge Carlos Fonseca.
Ele acrescentou que, na qualidade de Presidente da República, espera que a investigação seja feita “em tempo razoável, com objetividade”, na verificação dos acontecimentos e, sobretudo, que os resultados sejam tornados públicos “para que todos conheçam os resultados”.
Do lado de Governo não há ainda reações oficiais a este caso, mas confrontado sexta-feira, 4, por jornalistas o ministro da Cultura e Indústrias Criativas, Abraão Vicente, disse não ter dados para comentar o incidente.
“É preciso ter todas as informações para comentar, havendo uma investigação aprofundada, iremos tomar as medidas adequadas”, afirmou.
-0- PANA CS/IZ 06out2019