Cabo Verde diz desconhecer operação americana para impedir fuga de Ales Saab
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Governo cabo-verdiano negou ter conhecimento de que os Estados Unidos teriam enviado para o arquipélago, em novembro passado, um navio de guerra disfarçado e altamente sofisticado para impedir a fuga do cidadão colombiano Alex Saab, preso desde 12 de julho.
A declaração foi feita segunda-feira pelo ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros, Luis Filipe Tavares, quando reagia uma notícia com tal conteúdo vinculada pelo jornal norte-americano New York Times.
Luís Filipe Tavares, que é também o ministro cabo-verdiano da Defesa, disse que ainda não tinha conhecimento do caso, mas salientou que há "muita especulação" na imprensa internacional sobre esta matéria.
"O Governo de Cabo Verde já disse variadíssimas vezes que nós não vamos comentar o assunto até que haja uma decisão da justiça cabo-verdiana", sustentou o ministro, lembrando que Cabo Verde é um Estado de direito democrático, com independência total dos órgãos de soberania.
O governante assegurou que o Governo está tranquilo e que as relações de Cabo Verde com a comunidade internacional “são excelentes” e que o arquipélago “não tem nenhum problema político/diplomático com nenhum país”.
Realçou que a relação com os Estados Unidos e o Irão “são excelentes e vão continuar a ser muito boas”.
O cidadão colombiano Alex Saab, alvo de um mandado de captura internacional emitido pela Interpol, foi preso pelas autoridades cabo-verdianas, quando viajava da Venezuela para o Irão.
O Governo da Venezuela afirmou que Saab viajava com passaporte diplomático deste país, enquanto "enviado especial", pelo que não podia ter sido detido.
A defesa de Alex Saab, que já avançou com novo recurso para tentar a libertação do empresário, sustentou no recurso anterior que o "período máximo de prisão preventiva" permitido pela lei cabo-verdiana é de 80 dias e que o empresário está detido "há mais de 100 dias", pelo que "a sua detenção é ilegal".
O Tribunal da Relação do Barlavento, na ilha de São Vicente, a quem competia a decisão de extradição formalmente requerida pelos Estados Unidos, aprovou esse pedido, em 31 de julho, mas a defesa de Saab recorreu para o Supremo Tribunal do país, que ainda não anunciou qualquer decisão final.
A Venezuela manifestou preocupação pela situação de Alex Saab e instou o Governo cabo-verdiano a cumprir a ordem do Tribunal da Comunidade dos Estados de África Ocidental (CEDEAO), para colocar o empresário em prisão domiciliária de modo a que receba cuidados médicos externos.
No entanto, o procurador-geral da República de Cabo Verde, José Luís Landim, informou que o país não ratificou o protocolo que dá competências ao Tribunal da CEDEAO, em matéria de direitos humanos, pelo que não pode decidir sobre as medidas de coação do empresário, que continua detido no estabelecimento prisional da ilha do Sal.
-0- PANA CS/IZ 29dez2020