Cabo Verde desiste do Mundial de andebol por ter nove jogadores com covid-19
Praia, Cabo Verde (PANA) - A seleção cabo-verdiana de andebol foi obrigada a desistir de continuar a sua participação no Mundial da modalidade, que está a ser disputado no Egito, por ter nove jogadores infetados com covid-19, apurou a PANA de fonte segura.
Um comunicado imprensa da Federação Cabo-verdiana de Andebol (FCA), explicou que os casos de infeção "não pararam de aumentar" desde a chegada ao Mundial e após ter disputado apenas uma partida, na estreia na competição frente à similar da Hungria.
"Neste momento, totalizam-se nove casos confirmados pela equipa médica colocada à disposição da delegação de Cabo Verde para a despistagem da covid-19, no ambiente da competição", referiu o comunicado, citando o presidente da FCA.
Recordou que a seleção cabo-verdiana viajou com apenas 11 jogadores para o Egito.
Depois de detetados mais dois casos positivos ao novo coronavírus, que deixaram a seleção com apenas nove atletas disponíveis, a equipa técnica decidiu não comparecer à partida da segunda jornada do Grupo A, no domingo, frente a Alemanha.
Face ao sucedido, a Federação Internacional de Andebol (IHF, sigla em inglês) atribuiu a Cabo Verde uma derrota por 10-0 no jogo com a formação germânica, tal como vai acontecer na partida da última ronda do Grupo A, com o Uruguai, prevista para terça-feira, e em todas as referentes à Taça Presidente, destinada aos últimos classificados dos grupos da fase preliminar.
O presidente da Federação Cabo-verdiana de Andebol explicou que a seleção, ao entrar no Egito, em 13 de janeiro, foi confrontada com novos casos de infeção de quatro atletas, que tinham estado infetados durante um estágio em Portugal e recuperados da doença.
No dia seguinte, toda a comitiva foi submetida a novos testes e, enquanto aguardava pelos resultados, foi autorizada a realizar um treino restrito.
Em 15 de janeiro, os resultados das autoridades de saúde locais não apresentaram qualquer caso positivo, pelo que a equipa cabo-verdiana, composta por 11 jogadores, teve autorização para sair do hotel para o local do primeiro jogo da competição com a Hungria, no qual foram derrotados por 24-37.
Segundo Nélson Martins Jesus, no final da partida de estreia, os 11 jogadores foram submetidos a novos testes.
"E destes testes surgiram, inexplicavelmente, mais dois casos positivos, reduzindo a seleção nacional a nove elementos, que contraria o regulamento da competição, onde nenhuma equipa é permitida comparecer, no terreno do jogo, com menos de 10 elementos", observou o dirigente.
Nélson Martins Jesus admitiu que o surgimento de casos frequentes na equipa cabo-verdiana "tem criado" à delegação e aos participantes no Mundial, especialmente os integrantes do Grupo A, "um desconforto desportivo."
"As possibilidades de virem a surgir mais casos são claras e, por causa desta situação, a equipa nacional corre o risco de ser desqualificada da prova caso venha a ficar, de novo, sem os 10 jogadores (obrigatórios, para iniciar a partida), sendo que, mesmo que tenha 10 jogadores, um deles, obrigatoriamente, terá que ser um guarda-redes", sublinhou o presidente da FCA.
Acrescentou que os quatro guarda-redes estão isolados por terem acusado positivo à covid-19.
Classificando a situação como "constrangedora", a FCA decidiu, para não incorrer em mais faltas graves e colocar em risco a saúde dos demais jogadores, a equipa técnica, os dirigentes e, sobretudo, o ambiente desportivo, afastar-se da competição, dando conhecer a decisão à organização da prova, com elevado espírito desportivo, 'fair-play' e sentido de responsabilidade".
Nelson Martins explicou que a retirada de Cabo Verde do Mundial, onde participava pela primeira vez, foi consensualizada após a reunião realizada com as autoridades de andebol internacional (IHF), a Confederação Africana de Andebol (CAHB), a organização e autoridades de saúde egípcia.
Entretanto, o abandono da seleção cabo-verdiana da 27.ª edição do Mundial vai ser consumado hoje, ao final da tarde, com a deslocação a um outro hotel, enquanto decorre o processo de organização logística para o regresso à casa de cada um dos elementos que compõe a delegação cabo-verdiana.
-0- PANA CS/DD 18jan2021