Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde decreta luto em homenagem a Alda Espírito Santo

Praia- Cabo Verde (PANA) -- O Governo de Cabo Verde decretou 24 horas de luto nacional no dia do funeral da poetisa e nacionalista são-tomense Alda Espírito Santo, falecida vítima de doença aos 83 anos terça-feira em Luanda, soube a PANA quarta-feira de fonte oficial.
O Presidente cabo-verdiano, Pedro Pires, indicou, numa mensagem, que Alda Espírito Santo, igualmente combatente pelas independências das ex-colónias portuguesas, "ultrapassou as fronteiras do arquipélago" e constitui "uma referência" para as novas gerações.
Pedro Pires manifesta a "profunda tristeza" que a notícia da morte da poetisa são-tomense lhe causou, lembrando, que em 2005, a condecorou com o Primeiro Grau da Ordem Amílcar Cabral, a mais alta distinção de Cabo Verde.
O chefe de Estado cabo-verdiano enviou também outra mensagem ao seu homólogo são-tomense, Fradique de Menezes, manifestando pesar pela morte da poetisa e sua amiga de muitos anos.
"Nacionalista e combatente da luta pela independência nacional são-tomense, a poetisa Alda Graça Espírito Santo representa também uma perda para Cabo Verde, porque ultrapassou as fronteiras do arquipélago de São Tomé para, muito justamente, fazer parte da história dos países africanos de língua oficial portuguesa", sublinha Pedro Pires.
Lembrou que a poetisa são-tomense foi sua contemporânea, bem como dos nacionalistas Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Mário Pinto de Andrade, Marcelino dos Santos, Francisco José Tenreiro e "de outras figuras do nacionalismo africano", nos tempos da Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa.
Por sua vez, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, numa mensagem de condolências enviada ao seu homólogo são-tomense, Rafael Branco, sublinha que Cabo Verde "também está de luto", tal foi "grandeza do contributo de Alda Espírito Santo para a independência" do arquipélago.
Para José Maria Neves, a morte da poetisa e nacionalista são-tomense, é "uma grande perda para Cabo Verde e toda a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)".
"Apesar do seu desaparecimento físico, tenho por mim que a voz vibrante de São Tomé e Príncipe não morreu, ela ficará eternamente no coração e pensamento de todos nós", sublinhou José Maria Neves.
A morte de Alda Espírito Santo foi também lamentada por várias figuras das letras cabo-verdianos, entre os quais o presidente da Associação dos Escritores Cabo-verdianos (AEC), o poeta Corsino Fortes, que enviou uma mensagem de condolência à União dos Escritores e Artistas São-tomenses (UNEAS), dirigida pela malograda.
Alda Espírito Santo, também conhecida por Alda Graça, nasceu em São Tomé em 1926 e teve a sua educação em Portugal, onde frequentou a universidade, mas teve que abandonar, em parte devido às suas actividades políticas, mas também por motivos económicos.
Para além de ser uma das mais conhecidas poetisas africanas de língua portuguesa, ela ocupou alguns cargos de relevo nos Governos de São Tome e Príncipe, tendo sido nomeadamente ministra da Educação e Cultura, ministra da Informação e Cultura, deputada e presidente da Assembleia Nacional Popular.
Ela criou a União dos Escritores e Artistas São-tomenses (UNEAS), onde até Fevereiro último trabalhava na criação de novos valores, e foi a autora do hino nacional.
Os seus poemas aparecem nas mais variadas antologias lusófonas, bem como em jornais e revistas de São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique.
As suas publicações incluem "O Jogral das Ilhas", em 1976, e "É Nosso o Solo Sagrado da Terra", em 1978.