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Cabo Verde cria fundo para substituição da frota marítima

Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde decidiu criar um fundo de desenvolvimento dos transportes marítimos para permitir a substituição paulatina da sua frota da Marinha mercante e fazer face aos diversos e enormes desafios do setor, anunciou segunda-feira a ministra das Infraestruturas e Economia Marítima, Sara Lopes.

A governante cabo-verdiana, que falava aos jornalistas momentos antes de presidir à abertura do seminário sobre “Transporte Marítimo: Tendências e Desafios”, disse que a criação do Fundo impõe um trabalho de integração e de subsidiação, já que um dos desafios do arquipélago está relacionado com o acesso a financiamento para as grandes reformas.

“Neste momento, estamos a criar o fundo de desenvolvimento dos transportes marítimos e da segurança marítima que deverá estar concluído em julho deste ano, o que vai permitir avançar com as concessões das linhas deficitárias, de modo a corrigir as situações que são mais gravosas”, realçou.

Sara Lopes acrescentou ainda que há também necessidade de se fazer uma profunda intervenção a nível público da tipologia dos navios, precisando que o Governo está a trabalhar para que, daqui a cinco anos, se possa fazer a substituição das embarcações, de modo que haja uma frota uniforme e que garanta aos utentes maiores condições de conforto e de segurança.

A responsável governamental pelo setor marítimo recordou que Cabo Verde quer ser uma plataforma de prestação de serviços, e referência a nível dos transportes marítimos no Oceano Atlântico.

Neste sentido, ela avançou que o seminário de dois dias tem por objetivo preparar as instituições e quadros nacionais para enfrentar e ultrapassar os desafios do setor, de modo a criar todas as condições necessárias para a implementação da estratégia, para a governação dos mares de Cabo Verde “e para o crescimento azul”.

Sara Lopes sublinhou que os desafios relacionados com os assuntos do mar exigem também que o país esteja alinhado com as tendências internacionais para o Oceano Atlântico.

“Para que Cabo Verde possa ser uma plataforma de prestação de serviços, é necessário desenvolver atividades do “bunkering” (todos os negócios relacionados com os transportes marítimos), disse.

Segundo a governante, tais atividades permitirão "que possamos acompanhar quais são as tendências a nível dos novos combustíveis para os transportes marítimos, como é que as soluções dos transportes internacionais estão a se organizar, uma vez que é um setor que está sujeito a mudanças profundas".

Neste sentido, alertou que essas mudanças requerem também analisar quais são os requisitos que as infraestruturas devem ter para que possam ser competitivos, que perfil dos recursos humanos exigem os novos navios, quais são as novas exigências a nível de governação dos oceanos.

No seu ponto de vista, isso necessita também da formação de competências, nomeadamente ao nível do Direito do mar, uma vez que as exigências em relação aos estados dos portos são cada vez maiores.

Em relação aos desafios do setor dos transportes marítimos, Sara Lopes explicou que são enormes, uma vez que Cabo Verde é um país disperso, onde a população está distribuída de forma muito assimétrica, e a procura de passageiros e de cargas não é suficiente para que as ligações sejam comercialmente rentáveis.

Durante os dois dias do seminário, vão ser debatidos temas como “A fase atual da globalização e desafios para Cabo Verde”, “A nova geopolítica dos hidrocarbonetos e potenciais oportunidades para Cabo Verde”.

“As relações da União Europeia com países terceiros no setor do transporte marítimo”, “Tendências do transporte marítimo e os desafios para as regiões Insulares”, fazem igualmente parte dos temas do seminário.

-0- PANA CS/IZ 29junho2015