Cabo Verde consternado com morte do académico Corsino Tolentino
Praia, Cabo Verde (PANA) – A notícia do falecimento, na manhã de terça-feira, na cidade da Praia, do académico, diplomata e antigo governante cabo-verdiano Corsino Tolentino causou uma onda de consternação e tristeza em todo o arquipélago, que lamenta a morte daquele que foi também um "Combatente da Liberdade da Pátria", constatou a PANA junto de diversas fontes.
Ao reagir à morte de Corsino Tolentino, aos 75 anos, o Presidente da República, José Maria Neves, considerou-a “uma grande perda” para Cabo Verde.
José Maria Neves lembrou que, enquanto diplomata, Corsino Tolentino deu um contributo “muito grande” para o reforço das relações de Cabo Verde com o mundo, particularmente, com Portugal e outros países da União Europeia onde representou o país.
Realçou ainda que também enquanto governante na área da Educação deu um contributo “muito forte” para o reforço do sistema educativo cabo-verdiano e para a reforma da educação em Cabo Verde.
“Com ele foi aprovada a primeira lei de bases do sistema educativo cabo-verdiano que lançou os alicerces para o desenvolvimento do sistema educativo cabo-verdiano”, recordou o Presidente da República.
Também os dois partidos do arco do poder, o MPD (poder) e o PAICV (oposição) e ainda o presidente da Assembleia Nacional lamentaram a morte de Corsino Tolentino, antigo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, ministro da Educação e embaixador de Cabo Verde em Portugal.
O MpD (Movimento para a Democracia) manifestou “tristeza” com o desaparecimento físico de Corsino Tolentino, conhecido como um homem “simples, culto, pensador livre, intelectual respeitado e de fino trato”.
“É com tristeza e profundo pesar que o MpD recebeu a notícia do falecimento de André Corsino Tolentino“, lê-se na nota de pesar do partido.
Por sua, vez o PAICV, partido onde militou Corsino Tolentino, reagiu à morte deste com “muita consternação”, recordando que foi um “militante exemplar” e que deixou imenso legado político e cultural ao País.
Em comunicado assinado pelo presidente do PAICV (Partido Africano da Independência de Cabo Verde), recorda que Corsino Tolentino desempenhou várias e complexas missões com elevado espírito patriótico de entrega à missão do engrandecimento da pátria que o viu nascer.
Já o presidente da Assembleia Nacional (Parlamento), Austelino Correia, considerou hoje que Cabo Verde está de luto porque perdeu um “filho exemplar”, referindo-se ao passamento do diplomata e antigo ministro da Educação, Corsino Tolentino.
“De facto, o País perdeu um grande homem e um grande intelectual, ele foi o ministro da Educação em Cabo Verde e também foi um dos obreiros importantes da construção”, acrescentou Austelino Correia.
André Corsino Tolentino, que era natural da ilha de Santo Antão, era Doutor pela Universidade de Lisboa, Mestre pela Universidade de Minnesota (EUA), embaixador jubilado, Professor Universitário, sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa e com várias obras publicadas.
Foi consultor do Banco Mundial e promotor da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) e do Instituto da África Ocidental (IAO).
Foi em 2016 que Corsino Tolentino, combatente da Liberdade da Pátria, diplomata, intelectual e figura de proa em Cabo Verde, foi diagnosticado com a doença de Parkinson.
Contudo, diagnósticos posteriores viriam a revelar que se tratava, especificamente, de Paralisia Supranuclear Progressiva (PSP).
“O livro é um registo diário do paciente autor que relata a evolução da sua doença, o PSP, uma doença que ataca o movimento, com a qual pretende ainda ser útil a outros portadores deste tipo de doença em Cabo Verde”, disse à Agencia Cabo-verdiana de Notícias (Inforpress) a filha Lídia Tolentino.
A intenção, segundo ela, é conscientizar as pessoas para este tipo de doenças de perda de movimento e levar a que haja ações de advocacia sobre os direitos dos pacientes portadores deste tipo de patologia.
-0- PANA CS/IZ 22dez2021