Cabo Verde confiante na manutenção de “boas relações” com Estados Unidos
Praia, Cabo Verde (PANA) – O ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros, Luis Filipe Tavares, declarou que a vitória de Joe Biden, nas eleições presidenciais norte-americanas, "não altera" as boas relações diplomáticas entre Cabo Verde e os Estados Unidos.
Segundo o chefe da diplomacia cabo-verdiana, as relações entre os dois Estados "não dependem das mudanças políticas nos dois países".
Tavares destacou que, com a nova administração norte-americana, Cabo Verde conta com o reforço das relações diplomáticas, económicas e de parcerias para o desenvolvimento entre as duas nações.
“Os Estados Unidos da América é um país amigo de Cabo Verde, que alberga a maior comunidade cabo-verdiana no exterior, e com o qual o país tem “uma relação de 200 anos”, lembrou o ministro.
Neste sentido, Tavares acredita que Cabo Verde e os Estados Unidos continuarão a trabalhar com a mesma força e determinação para reforçar os “laços históricos”, sublinhando que as relações político-diplomáticas entre os dois países são excelentes e irão continuar a sê-lo, “com toda a naturalidade”.
Ativistas e representantes da comunidade cabo-verdiana nos órgãos de poder em algumas cidades dos Estados Unidos regozijam-se com a eleição de Joe Biden para Presidente da República, recordando a sua promessa de promover a igualdade racial.
Em declarações à agencia cabo-verdiana de imprensa (Inforpress), o cabo-verdiano Moisés M Rodrigues, ex-presidente da câmara de Brockton, que neste momento ocupa o cargo de conselheiro municipal na mesma cidade, disse que brevemente terão uma administração que entenderá e respeitará a comunidade emigrante.
“Valeu a pena trabalhar para eleger Joe Biden e Kamala Harris, esta primeira mulher Vice-Presidente e minoritária nos EUA”, afirmou Moisés, para quem “a comunidade está contentíssima com a eleição de Joe Biden”.
Por sua vez, a também cabo-verdiana Tina Cardoso, que também é conselheira em Brockton, defendeu que se trata de um “momento emocionante” para muitos cabo-verdianos nos EUA que “foram tão magoados pelo Trump”. Para Tina Cardoso, o momento também é de esperança para os negros e emigrantes.
“Esta vitória representa a esperança de não apenas repararmos muitos dos dados que o Trump fez, mas também de começarmos a enfrentar o racismo sistémico, a desigualdade racial e a garantir os direitos dos imigrantes e das pessoas de cor para aumentar a riqueza económica e a prosperidade”, declarou Tina Cardoso.
Acrescentou que a eleição de Kamala Harris como a primeira Vice-Presidente feminina negra “inspira muitas jovens negras, mostrando-as que as suas vidas são importantes”.
Segundo o académico e docente cabo-verdiano Júlio de Carvalho, a eleição de Biden e de Harris é um “ar fresco para aquela terra que tem abraçado os emigrantes desde a primeira hora”.
Aliás, referiu, “os emigrantes são os pilares dos Estados Unidos, porque o país foi fundado com base nos valores dos emigrantes”.
Para Júlio de Carvalho, Donald Trump tinha uma personalidade que não era apropriada para ser presidente de um país e teve várias políticas que não se encaixavam na sociedade norte americana.
Mas, recordou que ele teve outros momentos bem conseguidos como as políticas viradas para o empoderamento do americano, para a produção interna, para a responsabilização do indivíduo e para o combate ao abuso que alguns países faziam à sociedade e ao direito intelectual americano.
Quem também se mostrou satisfeito com o desfecho destas eleições é Cândido Rodrigues, ex-deputado do MpD para o círculo das Américas, e que neste momento trabalha no departamento de Serviço Social do Estado de Massachusetts.
Apesar de ser Republicano, Candio disse que fez campanha pelo Biden e se sente “muito aliviado” com a sua vitória.
“O que se espera do Biden é que seja um presidente para todos os americanos. Ele fez questão de referir isto por várias vezes no seu discurso de vitória.
"Unir América e reforçar os laços de amizade com o mundo será certamente uma tarefa prioritária para Joe Biden”, considerou, acrescentando que “travar uma luta contra a covid-19 e criar um ambiente saudável no País são outras prioridades”.
Para Cândido Rodrigues, o racismo, despoletado com o assassinato de George Floyd, a 25 de maio, na cidade de Minneapolis, a má gestão da covid-19, em que Donald Trump cometeu “erros grosseiros” que culminaram na morte de vários americanos e a emigração são os factores que estão na base da sua derrota.
Particularmente na questão da emigração, o mesmo lembrou que a linguagem de Trump para com os emigrantes “criou uma onda de contestação sem limites, separou filhos dos pais nas fronteiras e tratou os imigrantes como animais selvagens”.
Estima-se que vivam nos Estados Unidos da América mais de 300 mil cabo-verdianos e descendentes, a maior comunidade fora do arquipélago.
-0- PANA CS/IZ 10nov2020