Cabo Verde condiciona integração na CEDEAO ao conhecimento de realidades de cada país membro
Praia, Cabo Verde (PANA) - A integração plena de Cabo Verde no seio da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) só é possível quando os Cabo-verdianos e os cidadãos dos demais países membros começarem a ter um melhor conhecimento mútuo da realidade de cada um deles, defendeu terça-feira o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.
Jorge Carlos Fonseca falava na abertura duma conferência sobre “Os desafios atuais da integração política, económica e cultural na África Ocidental”, terça-feira na cidade da Praia, sob a égide da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), no âmbito da 2.ª Semana da CEDEAO, que decorre desde 24 do corrente até a esta quarta-feira, 29.
Defendeu que “este melhoramento passa pela troca de experiências e do conhecimento profundo das instâncias da CEDEAO”.
O chefe do Estado cabo-verdiano lembrou que há um mercado potencial por explorar, mas, segundo ele, Cabo Verde só poderá tirar proveito da sua integração na CEDEAO, apostando numa economia diversificada, trocando experiência com parceiros da sub-região e procurando sempre conhecer as especificidades de cada um dos mercados que compõem a comunidade oeste-africana.
No quadro da política de integração plena, segundo advogou, Cabo Verde tem que ser criativo e acutilante na defesa da sua pertença à CEDEAO.
“Para isso, teremos que ser perspicazes, olhar para a nossa região de forma descomplexada, ver e estudar até onde poderemos ser úteis ao espaço da CEDEAO, sempre tendo em linha de conta a nossa especificidade e vulnerabilidade enquanto país arquipélago”, precisou.
Na sua opinião, “Cabo Verde quer e pode ser útil à CEDEAO, assim como esta comunidade pode também ser útil a Cabo Verde” pelo que o pais vai continuar a trabalhar para “encontrar formas de estabelecer, num futuro muito próximo, linhas marítimas e aéreas que possam fomentar e dinamizar trocas comerciais entre os países da CEDEAO, "uma necessidade reconhecida por todos, mas que exige de cada um de nós uma resposta eficaz e oportuna”.
A seu ver, a CEDEAO é um espaço económico rico em matérias-primas, facto que representa uma oportunidade para Cabo Verde.
Porém, o arquipélago, infelizmente, carece de recursos naturais indispensáveis ao seu desenvolvimento económico, em geral, e industrial, em particular.
Dai que, no entender do Presidente cabo-verdiano, uma relação político-diplomática forte com os países vizinhos da CEDEAO possa, numa parceria ganhadora (“win win”), potenciar as trocas comerciais e o desenvolvimento da cooperação empresarial e económica de Cabo Verde.
Por outro lado, ele entende que Cabo Verde deve, igualmente, criar condições para que o mercado da CEDEAO, nomeadamente as matérias-primas da CEDEAO sejam exploradas e transformadas no espaço comunitário para servir às suas populações.
“A supressão das barreiras fictícias existentes seria o primeiro passo para uma real integração económica no espaço da CEDEAO. A supressão de tais barreiras facilitaria sobremaneira a internacionalização das nossas empresas e investimentos joint-venture na nossa região”, sublinhou o chefe do Estado cabo-verdiano.
Também, o comissário cabo-verdiano da CEDEAO para os Recursos Humanos, Jeremias Dias Furtado, considera que Cabo Verde deve apostar numa integração regional baseada nas suas especificidades e especialidades, em áreas como a transformação produtiva e a cultura.
Para Jeremias Dias Furtado, Cabo Verde deve reconhecer e aprofundar as características que lhe são próprias, como a sua insularidade.
“Não podemos ambicionar uma integração baseada em todas as áreas. Ou seja, temos de ter áreas específicas onde possamos fazer bem e melhor que os outros”, anotou.
Entre as áreas específicas, apontou a transformação produtiva e a cultura, com destaque para a música.
“Cabo Verde poderia ser para a CEDEAO um ponto de atração como o festival de Cannes”, disse.
Esta conferência é organizada pela Escola de Negócios e Governação (ENG) da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), no âmbito do Mestrado de Integração Regional Africana (MIRA), e enquadra-se na 2.ª semana de África e da CEDEAO na universidade pública cabo-verdiana.
Além das conferências, serão realizadas várias outras atividades culturais, como música, dança, desfile de moda, poesia e mostras gastronómicas de vários países oeste-africanos.
-0- PANA CS/DD 29maio2019