Cabo Verde condena “ignóbil ataque terrorista" no norte de Moçambique
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, enviou uma mensagem de condolências ao seu homólogo moçambicano, Filipe Nyusi, devido à decapitação de mais de 50 pessoas num “ignóbil ataque terrorista" ocorrido recentemente em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, apurou a PANA de fonte segura.
O ataque é atribuído a um grupo radical islâmico, que, desde 2017, aterroriza o norte de Moçamkbique, lê-se numa mensagem publicada sexta-feira, 13 de novembro, na página do Facebook da Presidência da República.
O chefe de Estado cabo-verdiano diz-se "profundamente chocado pelo incidente e que o país condena de "forma veemente" o "ato cobarde e vil de terrorismo perpetuado, sem nenhum respeito pela vida das crianças, mulheres e homens presentes no local, pessoas totalmente vulneráveis e indefesas,”
Jorge Carlos Fonseca, que se dirigia ao seu homólogo moçambicano, enquanto Presidente em exercício da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), expressa as suas mais profundas condolências pelo “trágico acontecimento ocorrido na República irmã de Moçambique.”
“Neste momento de grande inquietude e de muita tristeza, rogo à Vossa Excelência que transmita às famílias das vítimas e ao Povo irmão de Moçambique toda a minha solidariedade e meu sentido abraço por este momento difícil que atravessam”, acrescentou.
Os massacres levados a cabo por grupos armados no norte de Moçambique já duram há mais de três anos, sem que se vislumbre o seu fim.
Os mesmos estão a por em causa a estabilidade e a paz necessárias para que este país, detentor de importantes recursos naturais, possa criar condições conducentes ao progresso e ao bem estar da sua população.
Só nos últimos dias, mais de uma dezena de aldeias do distrito de Muidumbe (norte) foram atacadas por radicais, ligados ao autoproclamado Estado Islâmico, que querem dominar a região.
De acordo com a Polícia moçambicana, citada pela Agência de Informação de Moçambique, numa destas aldeias, Muatide, "mais de 50 pessoas" foram sequestradas e, depois, decapitadas num campo de futebol transformado num campo de execuções.
As autoridades moçambicanas estimam que, nos últimos três meses, 270 pessoas, entre civis e soldados moçambicanos, terão sido assassinadas e que cerca de mil 50 habitações destruídas em Cabo Delgado, província rica em petróleo e religiosamente diversificada.
Ao todo, há três anos, cerca de duas mil pessoas terão morrido e 400 mil outras terão fugido para províncias vizinhas, como a única solução.
Por sua vez, a Amnistia Internacional (AI) estima que mais de 700 mil pessoas precisam de ajuda humanitária no país.
O agravar da situação levou a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, a alertar, sexta-feira, para a "situação alarmante" no norte do país.
Num comunicado, Bachelet pediu medidas urgentes para protegerem civis na província de Cabo Delgado, face a relatos cada vez mais alarmantes de "violação dos direitos humanos."
"A situação é desesperante, tanto para quem está encurralado em áreas afetadas pelo conflito, sem meios de sobrevivência, quanto para os deslocados", referiu.
O comunicado refere que, nas últimas duas semanas, houve uma série de ataques em várias aldeias e relatos de testemunhas segundo os quais várias casas e instalações públicas foram queimadas e dezenas de pessoas mortas, por decapitação, incluindo mulheres e crianças, além de casos de sequestro.
-0- PANA CS/DD 14nov2020