Cabo Verde condena golpe de Estado no Níger
Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde condenou, quarta-feira, o golpe de Estado militar contra o Presidente do Níger, Mohamed Bazoum, colocando em causa a ordem constitucional naquele país oeste africano, apurou a PANA de fonte segura.
Em declarações à imprensa, o Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, apelou aos militares amotinados a libertarem imediatamente o chefe de Estado nigerino, eleito democraticamente.
O chefe do Estado cabo-verdiano disse juntar a sua voz à de todos os Presidentes da região, no sentido de os militares garantirem também “a restauração da ordem constitucional no Níger.
O Governo de Cabo Verde também condenou o ato protagonizado por membros da Guarda Presidencial, sublinhando acompanhar o acontecimento com preocupação na perspetiva de que a estabilidade institucional será restabelecida no Níger.
“O Governo manifesta a sua solidariedade às autoridades do Níger e espera que a normalidade institucional e a estabilidade possam ser imediatamente retomadas, repondo os valores fundamentais do Estado de Direito Democrático”, lê-se num comunicado
Num comunicado lido quarta-feira última à noite em Niamey na Tele Sahel (televisão pública) por militares do Níger, estes afirmaram ter derrubado o regime do Presidente Mohamed Bazoum.
Os golpistas assumem-se como membros de um Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), a junta militar no poder..
Ladeado de outros nove militares fardados, o major-coronel Amadou Abdramane, que lia o comunicado em apreço, anunciou que "as Forças de Defesa e Segurança, reunidas no seio do CNSP, decidiram por fim ao regime de (Bazoum), anunciando o encerramento das fronteiras e a entrada em vigor de um recolher obrigatório "até à nova ordem."
O Presidente Mohamed Bazoum está detido, desde a manhã de quarta-feira última, por membros da guarda presidencial, na sequência do fracasso de negociações sobre pontos até hoje desconhecidos do público.
Na sua conta X (ex-Twitter), Mohamed Bazoum escreveu que alguns elementos da guarda presidencial se envolveram numa "manifestação antirrepublicana" e que tinham tentado obter o apoio das outras forças de segurança do país.
Na mesma mensagem, o agora ex-chefe do Estado assegurou que ele e a sua família estavam bem, mas que o Exército e a guarda nacional estavam prontos para atacar se os revoltosos não mudassem de ideias.
No entanto, a sua situação suscita dúvidas na medida em que organizações internacionais, como a CEDEAO e a Francofonia, exigem a sua libertação das garras dos golpistas.
Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) também reclamam a libertação do agora ex-chefe do Estado nigerino.
O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, que também tinha conversado com ele, nessa quarta-feira, condenou "veementemente" a mudança inconstitucional do Governo no Níger.
Através de um comunicado lido pelo seu porta-voz, Stephane Dujarric, Guterres apela à cessação imediata de todas as ações que minam os princípios democráticos no Níger.
A 31 de março de 2012, autoridades nigerinas frustraram uma tentativa de golpe militar contra o Presidente Bazoum, dois dias antes de sua tomada de posse.
O ato limitou-se a um tiroteio perto do Palácio Presidencial, em Niamey, a capital do país.
A então vitória eleitoral do então recém-Presidente do Níger eleito ficou marcada por violentos protestos de partidários do seu principal adversário nas eleições presidenciais, Mahaman Ousmane, que rejeitou os resultados eleitorais e se declarou vencedor das mesmas.
-0- PANA CS/DD 27julho2023