Cabo Verde compromete-se a descarbonizar sua economia até 2030
Praia, Cabo Verde (PANA) – O ministro cabo-verdiano da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, reafirmou, terça-feira, na cidade da Praia, o compromisso de Cabo Verde em assumir as suas responsabilidades, no âmbito do Acordo de Paris, de, até 2030, descarbonizar a economia e, com isso, contribuir para a mitigação dos seus efeitos das mudanças climáticas, apurou a PANA de fonte segura.
Durante uma conferência de imprensa, para a apresentação pública dum documento das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, sigla em inglês) de Cabo Verde, Gilberto Silva reconheceu que as mudanças climáticas ameaçam o futuro e o equilíbrio do planeta e que constituem “uma das maiores problemáticas” enfrentadas atualmente pela humanidade.
O governante realçou que, no caso de Cabo Verde, enquanto pequeno Estado insular em desenvolvimento, o país contribui “de forma insignificativa” para o aquecimento global, sustentando no entanto que é um dos países que “mais sofre” das consequências deste fenómeno, devido à fragilidade dos seus ecossistemas.
Tendo em conta a sua posição, Cabo Verde, segundo Gilberto Silva, está na linha da frente dos que apelam ao reforço da ação climática no mundo e à “forte solidariedade” entre os países.
Neste sentido, ele destacou a importância do NDC no seguimento da implementação das políticas a nível mundial, reafirmando a vontade e o compromisso de Cabo Verde em fazer tudo para assumir as suas responsabilidades no quadro do Acordo do Paris.
Gilberto Silva acrescentou que, com esta primeira utilização da Contribuição Nacionalmente Determinada de Cabo Verde, o Governo assume o compromisso de descarbonizar economia, reforçar a resiliência do país e adaptar os setores da atividade humana aos efeitos nocivos das mudanças climáticas.
Entretanto, especificou que, em termos práticos, são 14 contribuições específicas até 2030, sendo cinco para a mitigação e nove para a adaptação.
Salientou que estas contribuições se traduzirão na redução das emissões nacionais em pelo menos 20 por cento e que, havendo possibilidades, poderá ser aumentada para 30 por cento.
O governante elucidou que, para a implementação destas contribuições, foram identificadas mais de 100 medidas, cujo impacto duradouro, de adaptação, se fará sentir igualmente na segurança alimentar, na segurança hídrica, na segurança energética e na resiliência dos setores económicos e sociais.
“Mais da metade de eletricidade provirá de fontes renováveis locais. A mobilidade será de baixo carbono mediante a promoção de veículos elétricos, sobretudo nos transportes coletivos. Grande parte da dessalinização da água do mar passará a funcionar com a energia eólica e solar. Adoptaremos os melhores conhecimentos e as melhores práticas na gestão dos recursos naturais e na agricultura, partilhando a nossa experiência com os outros países”, prometeu.
Considerou, por outro lado, que a atualização da NDC é um compromisso “ambicioso e realista” que confirma a firme determinação do país a alcançar uma “transição justa” para “um desenvolvimento sustentável e neutro” em carbono, e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e objetivos do Acordo de Paris.
Cabo Verde, informou, irá apresentar ao secretariado da Convenção Quadro das Nações Unidas um documento sobre as mudanças climáticas, que aborda as atualizações da NDC no contexto da ação climática 2030, contribuições concretas de Cabo Verde para a mitigação, adaptação e perspetivas da governação climática, bem como prioridades das necessidades em termos de apoio, financiamento, reforço de capacidades e transferência dos recursos das tecnologias.
Por seu turno, a ministra do Ambiente e Clima do Luxemburgo, Carole Dieschbourg, que interveio por vídeoconferencia na apresentação pública do NDC, destacou o nível de cooperação entre os dois países, felicitando Cabo Verde pela acualização da sua Contribuição Nacionalmente Determinada e por estar entre os primeiros colocados neste setor.
Ns próximos anos, prometeu, o Luxemburgo permanecerá “ao lado de Cabo Verde” e “ajudará a ampliar a sua voz” na cena climática e “apoiará os esforços” para aceder a mais financiamentos climáticos e atrair mais parceiros para ajudar o país na implementação do seu compromisso.
“Com este NDC atualizado, Cabo Verde está a enviar um forte sinal ao mundo de que leva a sério o desafio climático ao avançar com medidas concretas, que precisam de ser tomadas para descarbonizar a sua economia para ganhar resiliência e adaptar as suas terras e comunidades às consequências inevitáveis destas mudanças”, declarou.
Enalteceu os resultados concretos que Cabo Verde alcançou na redução das emissões nacionais.
-0- PANA CS/DD 17mar2021