Cabo Verde com "pior desempenho económico" da sua história devido a pandemia
Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde registou em 2020 o "pior desempenho económico" da sua história, com uma recessão económica de 14,8 por cento, provocada pela pandemia do coronavirus (covid-19), apurou a PANA de fonte segura.
A informação consta de um relatório sobre a Política Monetária, divulgado segunda-feira pelo Banco de Cabo Verde (BCV).
O relatório começa por reconhecer que a crise sanitária global, provocada pela pandemia da covid-19, "interrompeu" em 2020 o ciclo de crescimento que a economia cabo-verdiana vinha observando desde 2019.
O Produto Interno Bruto (PIB) em volume decresceu 14,8 por cento, o défice da balança corrente aumentou de 0,4 para 16,5 por cento do PIB, o estoque de reservas internacionais líquidas do país reduziu-se a cerca de 80 milhões de euros.
O défice e a dívida pública inverteram a tendência de queda e fixaram-se, respetivamente, em nove e 156 por cento do PIB em finais de 2020, segundo a mesma fonte.
No entanto, o Banco Central Cabo-verdiano reconhece que a redução das pressões inflacionistas, o aumento das remessas dos emigrantes e a implementação de medidas excecionais de apoio ao emprego, como é o caso do lay-off, e de apoio à tesouraria das empresas, com moratórias ao serviço de crédito, linhas de crédito com juros reduzidos e garantia do Estado, ou ainda a redução da carga fiscal, entre outras medidas governamentais, terão contribuído para atenuar, em alguma medida, os efeitos do choque exógeno.
As perspetivas atualizadas para 2021 apontam para um crescimento da economia em torno de seis por cento (estimativa de 5,8 por cento), garantidos pelo controlo da pandemia no Ocidente, em particular nas economias parceiras de Cabo Verde, bem como no país, estima o BCV.
Contudo, no mesmo relatório, é referido que as incertezas no processo da imunização da população mundial contra o novo coronavírus e, consequentemente, a recuperação da atividade económica, "continuam excecionalmente elevadas."
"Com efeito, em caso de um atraso no controlo da pandemia a nível externo e interno, de algum constrangimento na execução do Orçamento do Estado e da retirada desapropriada de determinadas medidas de apoio às empresas e famílias, o crescimento poderá rondar os três por cento em 2021", acrescenta.
As projeções atuais do Banco Central de Cabo Verde apontam ainda para um "aumento ligeiro" da inflação, de 0,4 para 0,8 por cento, e uma "contínua redução" do 'stock' das reservas internacionais líquidas do país, mas que "deverão continuar a financiar mais de seis meses das importações de bens e serviços".
O Banco refere ainda que manterá inalteradas as taxas das facilidades permanentes de cedência de liquidez (0,5 por cento), de absorção da liquidez (0,05 por cento), bem como a taxa diretora (0,25 por cento) e o coeficiente das disponibilidades mínimas de caixa (10 por centro) "nos próximos seis meses."
Manterá, igualmente, inalterados o limite mensal e a taxa das operações monetárias de liquidez "nos níveis deliberados em dezembro passado", ou seja, em três mil milhões de escudos (26,9 milhões de euros) e 0,7 por cento, respetivamente, "encorajando os bancos a proverem liquidez em condições adequadas às empresas e famílias."
-0- PANA CS/DD 19abr2021