Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde coloca Boa Vista em quarentena após primeiro caso de coronavírus

Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde decidiu colocar em quarentena até 04 de abril, a ilha da Boa Vista, onde se registou o primeiro e até agora único caso do novo coronavírus (Covid-19)  detetado em Cabo Verde, num turista britânico hospedado numa unidade hoteleira local, apurou a PANA de fonte oficial.

Ao anunciar a medida, após presidir  a reunião do gabinete de crise, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, indicou que não haverá embarque e desembarque de passageiros na ilha nos próximos 14 dias.

O chefe do Governo cabo-verdiano sublinhou que, em consequência, serão forçadas e reforçadas um conjunto de medidas de restrição para a ilha, com efeitos a partir de sexta-feira, 20.

Entre as medidas está a interdição de voos domésticos de e para a Boa Vista e interdição de transporte de passageiros através de navios comerciais e de pesca, anunciou.

Ulisses Correia e Silva referiu que as exceções dizem respeito a situações sanitárias, evacuações de doentes e situações de emergência e de repatriamento.

“Estas medidas acrescentam às em vigor sobre interdição de transportes aéreos e marítimos”, enfatizou o governante, garantindo que o abastecimento de mercadorias e produtos à ilha continuará normalmente através de navios comerciais e de pesca, pelo que, segundo ele, “não há razão para correria aos supermercados e às lojas”.

O chefe do Governo pediu calma e tranquilidade à população da Boa Vista e que as pessoas sigam as instruções das autoridades, uma vez que

“entrar em pânico não ajuda”. Ele pediu também às pessoas para cumprirem “com rigor” as instruções de distanciamento social, evitarem ajustamentos, festas e idas às praias de mar, lavarem as mãos frequentemente, e evitarem cumprimentos com beijos, abraços e apertos e mãos.

Em relação ainda à ilha da Boa Vista, Ulisses Correia e Silva informou que todos os serviços públicos e privados vão ser encerrados, com exceção de farmácias e serviços de saúde, forças de segurança e serviços de proteção civil, serviços portuários e aeroportuários.

Estabelecimentos comerciais de venda de produtos e bens de primeira necessidade, de higiene e limpeza e entrega domiciliária de refeições, postos de combustíveis, bancos e seguros e outros considerados fundamentais também permanecem abertos.

O primeiro-ministro cabo-verdiano garantiu que Se se vier a registar outro caso em outra ilha,  serão tomadas as medidas adequadas à situação, e que poderá também conduzir a quarentena e aumento das restrições.

O governante disse ainda que já está a ser feito o rastreamento epidemiológico de todas as pessoas que estiveram em contacto e no mesmo espaço com o cidadão inglês, que chegou ao país em 09 de março, para “evitar ao máximo” a possibilidade de contágio.

Entretanto,  o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, disse que cerca de 850 pessoas - estrangeiros e cidadãos cabo-verdianos, incluindo 210 funcionários - estão de quarentena no hotel onde foi confirmando o primeiro caso do novo coronavírus no país e sob vigilância permanente dos serviços de saúde da ilha.

“Não há nenhum caso suspeito de entre as pessoas que se encontram no hotel e nenhuma apresentou qualquer sintoma de momento”, garantiu o ministro, indicando que haverá um reforço da equipa de saúde local, incluindo médicos, enfermeiros e outros técnicos, e que materiais e equipamentos de proteção individual  seguiram ainda, na sexta-feira, para a ilha.

A Boa Vista, a ilha mais oriental do arquipélago, com uma superfície de 620 km2  teve um acréscimo contínuo da sua população desde 1990, altura em que a ilha contava com 3 437 habitantes. Hoje, graças ao rápido e continuo crescimento do turismo, o numero de habitantes da também chamada  na ilha das Dunas já aproxima-se das 18 mil pessoas, correspondendo a 3,1% da população de Cabo Verde.

Do total da população residente na ilha da Boa Vista, 61.6% são naturais de outras ilhas do país e 12% da sua população é imigrante.

-0- PANA – CS/IZ – 21 março2020