Cabo Verde chamado a apostar na melhoria de infraestruturas
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) aconselhou, quinta-feira última, em Abidjan (Côte d’Ivoire) Cabo Verde a apostar na riqueza marítima e na melhoria de infraestruturas de conetividade para garantir níveis mais elevados do seu crescimento económico, estimado em cinco por cento do Produto Interno Bruto (PIB), apurou a PANA de fonte segura.
Num relatório sobre as Perspetivas Económicas Africanas, divulgado no mesmo dia na capital económica ivoiriense, osob o título de "O Desenvolvendo é a Força de Trabalho Africana para o Futuro", o BAD aponta, na parte relativa a Cabo Verde, que "o impacto do investimento público no crescimento ficou abaixo do potencial, devido às ineficiências das empresas públicas, o que resultou numa dívida pública elevada."
De acordo com o BAD, o PIB deverá crescer cinco por cento neste ano e no próximo, puxado pela indústria, pelas pescas, pelo comércio e pelo turismo,d onde Cabo Verde devia tirar mais vantagens.
"Cabo Verde podia capitalizar a sua riqueza marítima, resolvendo os gargalos que existem nas infraestruturas logísticas e de transporte para desenvolver uma economia mais diversificada", escrevem economistas da instituição.
Elogiaram, no entanto, a privatização da transportadora aérea Cabo Verde Airlines, em março último, e o início das operações da Cabo Verde Inter-ilhas, em agosto último.
Também reconhecem que a consolidação orçamental já deu resultados, com o défice a ter ficado melhor que os três por cento do PIB em 2018, e a ser financiado por empréstimos concessionais (abaixo das taxas de mercado) e por emissões da dívida pública, cujo rácio face ao PIB deverá descer de 123,9 por cento em 2018 para 98,5 por cento do PIB, até 2023.
No entanto, economistas do BAD alertam que "a redução do investimento público devido à consolidação orçamental limitou os investimentos nas infraestruturas, resultando numa conetividade inter-ilhas desadequada, que, por sua vez, prejudica a competitividade das empresas locais relativamente à integração nas cadeias de valor globais."
O BAD assinala igualmente que o crescimento económico acima da média, há vários anos, possibilitou uma "substancial redução da pobreza", que passou de 58 por cento em 2001 para 35 por cento em 2015.
Todavia, a instituição chama a atenção para as elevadas taxas de desemprego, "especialmente entre os jovens e as mulheres (32,4 por cento), que podem minar a coesão social."
Num anterior relatório sobre “Perspetivas Económicas Africanas”, o BAD prevê que o PIB de Cabo Verde deve crescer 4,1 por cento neste ano e 4,8 por cento em 2021.
Contudo, o Governo cabo-verdiano prevê um crescimento do PIB entre 5 e 5,5 por cento, contrariando assim as previsões do BAD.
-0- PANA CS/DD 30jan2020