Cabo Verde autoriza companhia aérea a contrair empréstimo de $ 12 milhões
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Governo autorizou um aval estatal de até 12 milhões de dólares para a companhia aérea Cabo Verde Airlines (CVA) garantir um financiamento bancário junto do International Investment Bank (IIB), numa altura em que a transportadora está sem voar, desde 19 março último devido à pandemia da covid-19.
Conforme a resolução do Conselho de Ministros, de 27 de julho, a decisão, que autoriza a Direção-Geral do Tesouro a emitir o aval, é justificada com os “importantes e desejáveis efeitos” do projeto da CVA e “considera que estão reunidas todas as condições exigíveis” para a concessão do empréstimo.
“Tendo em conta que a mesma tem dado os seus primeiros passos após a sua privatização, ocorrida muito recentemente, o Governo entende ser necessário ainda dar suporte que vise melhorar a situação económico-financeira da empresa, evitar o seu estrangulamento e garantir a sua sustentabilidade”, lê-se na resolução.
O documento salienta ainda que “os investimentos já realizados com a implementação do ‘hub’ aéreo [na ilha do Sal] e os por realizar, com vista à implementação da estratégia estabelecida no plano de negócios, são intensivos em capital, o que requer financiamento bancário e outros tipos. Para o efeito, o suporte dos seus acionistas é condições indispensável”.
A resolução governamental que entrou em vigor, terça-feira, reconhece que a CVA “desempenha um papel preponderante na materialização” do objetivo de transformar o arquipélago numa “plataforma de distribuição de tráfego aéreo de carga e de passageiros”, garantindo a ligação entre as ilhas e do país com a diáspora.
A administração da CVA, empresa que resultou da privatização da companhia aérea estatal TACV, em março de 2019, já tinha apontado que a companhia necessitava com urgência de um empréstimo de longo prazo para garantir a sua operacionalidade.
Este aval para a contração de um novo empréstimo surge numa altura em que o Governo defende a revisão dos objetivos de curto prazo da Cabo Verde Airlines (CVA), reduzindo a aposta nos destinos internacionais mais distantes e apostando em nichos de negócio, devido à pandemia de covid-19.
A posição, numa altura em que o Governo ainda negociava o apoio estatal à companhia, surge num dos documentos de apoio à proposta de lei do Orçamento Retificativo para 2020, que esta semana será levada a votação final no Parlamento.
“O Governo, ciente destas novas variáveis que deverão levar à alteração dos fluxos internacionais de passageiros e cargas, e ciente da condição periférica do país, e enquanto acionista da CVA, entende e assume que a companhia deverá rever os seus objetivos estratégicos de curto prazo”, lê-se no documento.
Apesar da venda de 51% do capital social da companhia — anteriormente designada de Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) — a investidores islandeses liderados pelo grupo Icelandair e 10% a emigrantes e trabalhadores, o Estado ainda detém uma participação de de 39% da atual CVA, que antes da pandemia estava a voar para mais de uma dezena de destinos, na Europa, África, Estados Unidos e Brasil, com uma estratégia que assentava no ‘hub’ do Sal.
“Sem pôr de lado a estratégia de criação do centro de redistribuição de passageiros e carga localizado no Sal, os tráfegos étnico e turístico deverão emergir com nichos de negócio para as quais a CVA deve olhar com maior interesse e absorvê-los como mercado alvo. Por um lado, porque são mercados que mais depressa irão reagir no pós-covid-19, e por outro lado porque a pandemia continuará a impactar negativamente no tráfego internacional de passageiros por mais alguns anos, segundo informações da IATA”, assume o Governo, na recomendação à companhia.
O vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, afirmou este mês que o Governo está a tentar um “processo negocial” para viabilizar o futuro da CVA. Para o também ministro das Finanças, a CVA é uma “empresa nacional” com “grande impacto na economia cabo-verdiana”.
“Nós estamos a fazer tudo para criarmos um novo contexto para que a empresa continue a operar, pelo que não faz sentido nós estarmos a criar notícias que visam apenas danificar a imagem da empresa e danificar a imagem de Cabo Verde”, afirmou o governante.
-0-– PANA CS/IZ 29julho2020