Cabo Verde aspira ao certificado de "país livre do paludismo autóctone"
Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde continua com uma “situação favorável” para obter, ainda este ano, a certificação, por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), como país livre da transmissão autóctone do paludismo, anunciou terça-feira o coordenador do Programa Nacional de Luta contra o Paludismo (PNLP) em Cabo Verde, António Moreira.
Numa intervenção na abertura do ato central alusivo ao Dia Mundial de luta contra o Paludismo, 25 de abril, Moreira recordou que já lá vão cinco anos que não são registados casos locais da doença.
O último caso, prosseguiu, foi na sequência da epidemia de 2017, em que Cabo Verde teve um total de 423 casos e um óbito na cidade da Praia.
Segundo António Moreira, é desde o início de 2018 que o país tem registado apenas casos importados de países endémicos.
O coordenador do PNLP assinalou que o combate ao paludismo tem sido um “desígnio nacional”, lembrando os dois períodos anteriores, de 1967 a 1972 e de 1983 a 1985, em que se chegou à interrupção da doença no país.
De acordo com autoridades sanitárias cabo-verdianas, o ano de 2023 constituirá o terceiro momento em que o país será certificado como estando livre de transmissão autóctone desta patologia.
A certificação da eliminação da transmissão local do paludismo pela OMS tem sete etapas, e, em junho do ano transato, o arquipélago recebeu uma missão da referida instituição para uma visita de trabalho com vista a uma pré-certificação.
Durante duas semanas, a equipa avaliou os avanços conseguidos no quadro da implementação das recomendações anteriores da OMS, tendo orientado aos profissionais e autoridades de saúde para reverem toda a documentação do país nesta matéria.
Também apoiou, nessa ocasião, a elaboração de um plano de ação e um cronograma para a certificação, em colaboração com autoridades nacionais.
Nessa altura, o representante da OMS em Cabo Verde, Daniel Kertész, destacou o “grande trabalho” do país no controlo.
Embora sem se comprometer com datas para isso acontecer, ele disse que está em “boa condição” para obter a certificação como país livre da doença.
O coordenador da PNLP avançou a jornalistas que presentemente o país está a realizar um relatório nacional, que será submetido a um painel de especialistas da OMS para avaliação, que depois visitarão o país para verificar o que consta no documento.
Depois disso, prosseguiu, o relatório será submetido a uma outra comissão de eliminação do paludismo, que, por sua vez, elaborará uma exposição final, com recomendações do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanon Ghebreyesus, que aceitará ou não este processo.
As ilhas de Santiago e da Boa Vista continuam a ser as de maiores riscos de reintrodução do paludismo no país, por terem o mosquito vetor que transmite a doença, mas também por terem zonas vulneráveis e muita mobilidade interna e de pessoas provenientes de zonas endémicas.
De acordo com a OMS, em 2021, foram assinalados cerca de 247.000.000 novos casos de paludismo (malária), em comparação com os 245.000.000 em 2020, e 95 por cento dos casos e 96 por cento das mortes ocorreram na região africana.
De acordo com um último relatório mundial sobre a doenca, publicado em dezembro de 2022, o paludismo matou cerca de 619.000 pessoas em 2021, contra 625.000 em 2020.
O Dia Mundial de Luta Contra o Paludismo foi assinalado este ano sob o lema “É tempo de alcançar Zero Paludismo: Investir, Inovar, Implementar”, cujo propósito é aumentar a consciencialização à necessidade de se implementar ferramentas e estratégias disponíveis hoje para se alcançar as populações marginalizadas.
-0- PANA CS/DD 26abril2023