Cabo Verde arrecada 986 mil euros com venda de ações da companhia aérea nacional
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Estado de Cabo Verde arrecadou 108 milhões 765 mil 50 escudos (cerca de 986 mil euros) com a venda a emigrantes cabo-verdianos de 7,65 por cento das ações da Cabo Verde Airlines (CVA), companhia aérea criada na sequencia da privatização, em marco de 2019, da estatal TACV, apurou a PANA de fonte segura.
No âmbito deste processo de privatização, o Estado cabo-verdiano vendeu, numa primeira fase, 51 por cento da então empresa pública TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70 por cento pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36 por cento da CVA) e em 30 por cento por empresários islandeses com experiência no setor da aviação, que assumiram os restantes 15 por cento da quota de 51 por cento privatizada).
Sendo assim, o parceiro estratégico Lofleidir Cabo Verde detém agora 51 por cento das ações da CVA, deixando o Estado de Cabo Verde com 39 por cento, uma vez que, com esta última operação de venda das ações, os emigrantes têm agora 7,65 por cento desta fatia, enquanto os trabalhadores da extinta TACV adquiriram 2,535 por cento.
Com já fez saber, em várias ocasiões, o Governo liderado pelo primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, o objetivo é fazer com que o Estado saia por completo do capital social da Cabo Verde Airlines.
Em declarações a jornalistas, o gestor de carteira na UASE (Unidade de Acompanhamento do Setor Empresarial do Estado), Sandeney Fernandes, afirmou que os 39 por cento das ações que o Estado detém no capital da empresa serão colocados no mercado “em breve” para serem vendidos a instituições ligadas ao setor turístico nacional.
Os resultados da venda direta das ações da CVA detidas pelo Estado e destinada aos emigrantes foram apresentados, sexta-feira última, na cidade da Praia pelo diretor do Departamento de Operação de Mercado da Bolsa de Valores de Cabo Verde, Edmilson Mendonça.
Segundo este responsável, o processo decorreu “normalmente”, explicando ter constatado, durante o período de subscrição, que a procura foi maior do que a oferta.
De acordo com informações reveladas, foram recebidas no total 44 ordens, sendo que a maioria, 17, chegou dos Estados Unidos, seguindo-se cinco da França, quatro da Alemanha, outros tantos da Holanda, ao passo que Portugal teve três ordens, a Suíça e a Suécia duas cada.
Já de países como Angola, Bélgica, Espanha, Guiné-Bissau, Japão, Nigéria contabilizou-se uma ordem cada, assim como da região autónoma da China continental administrativa, Macau.
Antes dos emigrantes, 91 trabalhadores da antiga transportadora aérea pública cabo-verdiana tornaram-se acionistas da empresa, numa operação que aconteceu pela primeira vez, enquadrada no processo de reestruturação da agora privada Cabo Verde Airlines.
O grupo Icelandair, que lidera a CVA, anunciou durante este mês de fevereiro que a companhia aérea cabo-verdiana deverá apresentar resultados positivos em 2021, mas que necessita de contrair um financiamento de longo prazo.
A Icelandair refere que de acordo com o plano de negócios da CVA, são esperados prejuízos “nos primeiros dois anos após a aquisição” e lucros em 2021.
Ainda assim, e sem quantificar, o documento também aponta que os resultados operacionais da CVA no último trimestre de 2019 “ficaram abaixo das expetativas”.
“A CVA está à procura de financiamento de longo prazo. Se o financiamento de longo prazo não for garantido, isso poderá afetar negativamente a operação”, lê-se no relatório do grupo Icelandair, de 07 de fevereiro, que identifica receitas oriundas da companhia de Cabo Verde no valor de 37,2 milhões de dólares (34 milhões de euros) e despesas de 1,1 milhão de dólares (um milhão de euros), em 2019.
Aquele grupo insiste em dizer ver a aposta na CVA como “um projeto de desenvolvimento de longo prazo” e que acredita que há oportunidades para transformar o país, através da companhia aérea, num ‘hub’ (plataforma) entre os continentes africano, americano e europeu, “e ao mesmo tempo desenvolver Cabo Verde como destino turístico”.
De acordo com fonte da companhia, a Cabo Verde Airlines aumentou para quase 200 mil passageiros transportados nos primeiros oito meses após o processo de privatização, o que se traduziu num crescimento de 85,4 por cento do total de passageiros transportados, face ao mesmo período de 2018.
Atualmente, a companhia garante ligações do arquipélago cabo-verdiano para Dakar (Senegal), Lisboa (Portugal), Paris (França), Milão e Roma (Itália), Boston, Washington (Estados Unidos) , Lagos (Nigéria), Fortaleza, Recife e Porto Alegre (Brasil), mas a partir de 01 de março deixa de voar para Salvador da Baía, no âmbito do processo de reestruturação de rotas.
-0- PANA CS/DD 22fev2020