Cabo Verde apresenta novo plano estratégico de desenvolvimento sustentável
Praia, Cabo Verde (PANA) – O Governo de Cabo Verde apresentou terça-feira o seu segundo Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável (PEDS) 2022--2026, considerado pelo Executivo cabo-verdiano como muito mais do que um exercício de planeamento, mas sim uma orientação e um "compromisso geracional com o futuro".
Na sua intervenção, na cidade da Praia, durante o ato público de apresentação do documento, o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva assinalou que o PEDS é "um instrumento de alinhamento e mobilização do Governo, dos municípios, das empresas, das organizações da sociedade civil e dos parceiros para o desenvolvimento sustentável".
Conforme o chefe do Governo, o primeiro PEDS I (2017--2021) foi executado num contexto difícil de três anos consecutivos de seca severa e dois anos de crise sanitária, económica e social provocada pela pandemia de covid-19.
"Cabo Verde foi colocado à prova, resistiu, lutou e hoje estamos a controlar a pandemia e a estabilizar e relançar a economia", sublinhou, entendendo que o PEDS II foi concebido para consolidar a estratégia de desenvolvimento sustentável em curso e acelerar transformações estruturais que tornem o país mais resiliente e menos vulnerável a choques externos.
"A orientação é para o futuro, movido pela ambição de atingir os ODS [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em 2030]", referiu Correia e Silva, traçando ainda como prioridade posicionar Cabo Verde como um país seguro do ponto de vista sanitário e com bom sistema de saúde.
Acelerar o crescimento económico, garantir a coesão social e territorial, acelerar a transição energética, diversificar a economia e aumentar o potencial de crescimento económico foram os outros objetivos apontados pelo chefe do Governo.
Numa apresentação que contou com a maior parte do elenco governamental, entidades nacionais, do setor público e privado, e do corpo diplomático, o primeiro-ministro chamou ainda a atenção para a importância da educação, formação e "atitude desenvolvimentista".
"O capital humano é o motor de qualquer processo de desenvolvimento. E não é apenas uma questão de acesso e qualidade de educação e de qualificação, mais de atitude", frisou, entendendo que o maior desafio que o país enfrenta é o compromisso com as gerações futuras.
Ao intervir na cerimónia de lançamento do plano para o horizonte 2022-2026, a representante residente do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Ana Graça, demonstrou todo o engajamento da ONU em apoiar Cabo Verde na sua estruturação e implementação.
Ana Graça salientou que, mesmo em situação de crise, como a que Cabo Verde enfrenta, o País deve aumentar a sua ambição, de forma “realista e pragmática” e tudo fazer para iniciar ou continuar as transformações estruturais e tornar-se mais resiliente, mais bem preparado e autónomo, com uma “prosperidade mais inclusiva e sustentável”.
“Este é o momento de erguermos os braços e juntarmos esforços para minimizar estas outras variantes da pandemia, nomeadamente, o seu impacto sobre os agregados familiares, a economia e as finanças públicas”, disse.
A operacionalização da ambição 2030, através de uma transição sustentada de uma resposta de crise para a concretização de uma visão a médio prazo, assente em prioridades de sustentabilidade económica, social e ambiental e as suas interligações, é, para já, a responsabilidade maior do novo PEDS.
Erradicação da pobreza extrema, que afeta atualmente 115 mil pessoas, e redução da pobreza absoluta, aposta nos jovens, diversificação da economia, inclusão social, segurança e justiça efetiva, gestão territorial, boa governação e melhoria da qualidade nas ilhas, cidades, vilas e localidades são os principais objetivos do plano.
O plano foi apresentado em público após ser aprovado em Conselho de Ministros em janeiro, prevendo a elaboração de mais documentos e atividades de promoção, no país e na diáspora, entre eles um Fórum de Investimentos, na ilha do Sal, tudo orçado em 104 milhões de escudos (947 mil euros).
-0- PANA CS/IZ 09fev2022