Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde anuncia medidas para combater câmbio ilegal de divisas

Praia, Cabo Verde (PANA) – O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, disse esta quarta-feira, na cidade da Praia, que o Governo vai dar um combate cerrado a partir do próximo mês às atividades ilegais de câmbio de divisas no país, devido ao seu impacto “muito forte” no aumento da criminalidade, soube a PANA de fonte oficial.

José Maria Neves, que falava à imprensa após o encerramento do encontro do Conselho de Segurança Nacional esta quarta-feira na capital cabo-verdiana, adiantou que tal medida se deve à constatação da existência de “um grande impacto” que esta atividade de ilegal, aliada ao aumento do alcoolismo, tem tido no recrudescimento na criminalidade no país.

Neste sentido, a decisão, segundo o primeiro-ministro, é de nos próximos meses “desmantelar as redes clandestinas de câmbio ilegal no país”.

“A atividade clandestina de câmbio é um crime e temos de velar pela sanidade do sistema financeiro do país”, disse José Maria Neves, admitindo que, embora não existam dados concretos sobre a matéria, o câmbio ilegal de divisas “é crime público e envolve gente que está a atuar numa rede clandestina no país”.

Até agora, a atividade de compra e venda de divisas estrangeiras, sobretudo o euro e o dólar, é praticada, sobretudo, nas ruas da cidade da Praia, por homens e mulheres sem que sejam incomodados pelas autoridades.

A decisão de dar combate a esta atividade ilícita surge numa altura em que a Polícia Judiciária (PJ) desmantelou uma rede criminosa apontada como responsável pelo assassinato de alguns cambistas, aparentemente a mando de outros indivíduos que exercem esta mesma atividade.

O Tribunal da Praia decretou, terça-feira, a prisão preventiva de quatro dos nove elementos deste grupo que, alegadamente, se dedicavam a prática de crimes que vão desde roubo, sequestro, extorsão, tráfico de drogas, ameaça de morte e homicídios.

Os indivíduos que ficaram detidos são apontados como presumíveis autores das mortes dos cambistas Agnelo Tavares, ocorrido no passado mês de maio, num posto de combustível na cidade da Praia, de José Pedro, em São Miguel, e de Miguel Fernandes, professor numa escola da capital, morto quando tentava socorrer a esposa (cambista) vítima de um assalto, no passado mês de Março.

Suspeita-se ainda que o grupo esteja também ligado ao assassinato de mecânico conhecido por Peixinho, apontado como estando ligado ao narcotráfico, para não citar os sequestros misteriosos ocorridos em bairros da capital cabo-verdiana, do cambista Gustavo dos Santos, em novembro de 2012, e de uma criança de três anos, em junho deste ano.

-0- PANA CS/TON 04set2013