Cabo Verde anuncia medidas para pós-estado de emergência
Praia, Cabo Verde (PANA) – O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, anunciou, esta sexta-feira, o reforço de um conjunto de medidas de precaução em saúde pública, relativas à proteção individual, higienização e vigilância, a serem implementadas após o levantamento do estado de emergência, declarado no país devido à pandemia de Covid-19 (coronavírus), apurou a PANA, na capital cabo-verdiana, de fonte oficial.
Entre as medidas anunciadas por Ulisses Correia e Silva, figura o levantamento do estado de emergência, nas datas estabelecidas, ou seja a 27 de abril corrente para as ilhas onde, até ao momento, não se registem quaisquer casos, e a 2 de maio próximo, para Santiago, São Vicente e Boa Vista.
Destacou “o uso de máscaras faciais, a organização e higienização dos espaços de atendimento ao público e a realização de testes rápidos”.
O primeiro-ministro sublinhou a obrigatoriedade de uso de máscaras em espaços interiores fechados de atendimento ao público ou que impliquem contacto com o público.
A obrigação é para ser cumprida “por trabalhadores, utentes e clientes”, acentuou.
A este proposito, ele assinalou que investimentos estão a ser feitos para dotar o país de um estoque de máscaras cirúrgicas, profissionais e comunitárias para os próximos seis meses.
“Serão implementadas medidas de organização dos serviços públicos, de higienização regular e obrigatória nos espaços de atendimento ao público, incluindo nos transportes públicos de passageiros, aéreos, marítimos e rodoviários, portos e aeroportos”, detalhou.
Paralelamente, indicou, haverá incentivo para a produção e comercialização de gel desinfetante.
Aliás,prosseguiu, já na próxima terça-feira, o Governo pretende levar para o Parlamento para aprovação uma lei que cria incentivos fiscais para a produção nacional de máscaras comunitárias e de álcool-gel para poder baixar os preços de acesso a todos os cidadãos.
O chefe do Governo cabo-verdiano anunciou também o alargamento de testes rápidos, tendo, para o efeito, garantido que, já na próxima semana, estarão disponíveis cerca de 50 mil testes.
Para Correia e Silva, ficar em casa é uma obrigação para proteger a saúde.
Infelizmente, admitiu, isto não está a acontecer com rigor na cidade da Praia, onde a situação está difícil e pode complicar-se se as pessoas não cumprirem com as regras.
Aliás, referiu, o quadro epidemiológio neste momento na cidade da Praia e na ilha da Boa Vista recomenda uma especial atenção.
“Os serviços de Saúde, da Proteção Civil e as forças de segurança estão a colocar todo o empenho na contenção da propagação da Covid-19 na ilha de Santiago e da Boa Vista. Este esforço de contenção só será eficaz se o cumprimento, por parte das pessoas, das regras de distanciamento social e de confinamento em casa for respeitado com rigor”, anotou.
O primeiro-ministro deixou claro que o fim do estado de emergência significa apenas que o confinamento em casa deixa de ser obrigatório, mas as pessoas precisam continuar vigilantes e ter cuidado nos contatos com outras.
“Com o fim do estado de emergência, os serviços, as empresas, as organizações e instituições públicas e privadas podem começar a funcionar. Mas devem acautelar e as medidas que garantem a proteção dos trabalhadores e dos utentes. É importante continuar a conciliar, na medida do possível, o trabalho presencial com o feito em casa ou o teletrabalho”, recomendou Ulisses Correia e Silva.
No entanto, ele advertiu que as restrições relacionadas com a realização de eventos e de atividades que envolvem a aglomeração de pessoas ou que aumentam os riscos de contagio continuarão a ser aplicadas mesmo depois do estado de emergência, devendo, no entanto, ser levantadas, progressivamente, de acordo com a situação epidemiológica de cada ilha.
“Não vamos regressar aos festivais, festas ou quaisquer outras atividades que impliquem um ajuntamento significativo de pessoas. As restrições de visitas a lares, centros de idosos, hospitais e outros estabelecimentos de saúde e prisionais, bem como aos transportes aéreos e marítimos de passageiros entre as ilhas vão manter-se e serão levantadas de acordo com a situação epidemiológica do país e de cada ilha.
O levantamento de restrições nos transportes aéreos e marítimos de passageiros internacionais dependerá do contexto interno e externo”, acrescentou.
O chefe do Governo cabo-verdiano alertou para a necessidade de se apreender a conviver com o vírus, com menor intensidade de propagação possível, pois ele não vai desaparecer rapidamente, nem em Cabo Verde e nem em qualquer outro pais do mundo.
Segundo Correia e Silva, este é o entendimento de cientistas, investigadores e da Organização Mundial da Saúde. Por isso, é necessário estar vigilante, continuar a cumprir as regras de distanciamento social e de proteção individual, num ambiente de maior mobilidade e liberdade de circulação de pessoas.
“Até que esteja disponível uma vacina, é preciso continuar a prevenir e proteger”, concluiu.
De acordo com um mais recente balanco, Cabo Verde regista, ao momento, um total de 88 casos confirmados de Covid-19, sendo 52 na ilha da Boa Vista, 32 no município da Praia, um no concelho do Tarrafal, em São Domingos (todos na ilha de Santiago) e um na ilha de São Vicente.
Do total dos doentes, resultou um óbito, na pessoas do turistas inglês de 62 anos de idade que foi também o primeiro a testar positivo do Covid-19, e um paciente recuperado.
Segundo nota do Ministério da Saúde, todos os doentes da Covid-19 estão em isolamento e tem evoluído sem sintomas ou com sintomas ligeiros.
-0- PANA 24abril2020