Cabo Verde anuncia medidas face às previsões de mais um ano de pouca chuva
Praia, Cabo Verde (PANA) - As previsões que apontam para mais um ano de pouca chuva, em Cabo Verde, levaram o Governo cabo-verdiano a tomar um conjunto de medidas para proteger a campanha agrícola, reforçar a resiliência das populações e adaptar o setor aos efeitos das mudanças climáticas, apurou a PANA segunda-feira de fonte oficial.
Em conferência de imprensa, na cidade da Praia, para falar sobre as previsões e preparação da campanha agrícola para 2021/2022, o secretário de Estado da Economia Agrária, Miguel da Moura, disse que os cenários climáticos elaborados pelo Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC) apresentam "grandes incertezas" relativamente às precipitações, bem como a sua redução contínua nos próximos anos, a possibilidade de ocorrência de estações chuvosas mais curtas, porém, muito intensas.
O governante explicou que, relativamente a Cabo Verde, as previsões apontam que as chuvas vão ser "deficitárias a próximas da média" (264 milímetros) no trimestre julho-agosto-setembro (264 milímetros), mas são mais animadoras entre agosto e outubro, com uma tendência considerada "dentro da média", isto é, 294 milímetros.
Segundo o porta-voz do Governo, as informações indiciam a probabilidade de ocorrência de dois cenários para o ano agrícola 2021-2022, como sejam chuvas deficitárias e próximas da média anual e um ano com chuvas dentro da média anual.
Já que as chuvas são irregulares, a média anual não ultrapassa os 300 milímetros e, no ano passado, não foram suficientes para recuperar dos três anos anteriores de seca.
O Governo está a prever o cenário de mais um ano de chuvas deficitárias.
Miguel da Moura disse que, para garantir a continuidade do programa de transformação da agricultura, o Ministério da Agricultura e Ambiente vai novamente priorizar as ações que visam proteger a próxima campanha agrícola, contribuir para reforçar a resiliência das populações e permitir a adaptação do setor aos efeitos das mudanças climáticas.
Entre as medidas a serem adotadas pelo Governo, ele apontou a garantia da disponibilidade de água potável às populações nas zonas rurais, a mobilização de água para agricultura, a modernização da agricultura e a melhoria da produção/produtividade agrícolas, a substituição gradual da cultura do milho por culturas forrageiras, bem como a promoção da utilização de raízes, tubérculos e leguminosas.
De acordo com o secretário de Estado da Economia Agrária, o Executivo pretende ainda disponibilizar sementes aos agricultores, realizar campanhas de prevenção e combate às pragas e doenças, instalação de dois centros pós-colheita em Santo Antão, terceirização da assistência técnica, formalização do setor agrícola e promoção da massificação de técnicas eficientes de produção.
O Governo prevê igualmente a realização de ações na pesquisa e desenvolvimento, bem como de apoio à pecuária, nas florestas, na obtenção de créditos agrícolas, na mobilização de recursos, promoção do emprego público e na comunicação.
"Com a apresentação deste conjunto de medidas, o Ministério da Agricultura e Ambiente espera ter fornecido as linhas gerais de atuação para a campanha agrícola 2021/2022", concluiu o secretário de Estado.
-0- PANA CS/IZ 13julho2021