Cabo Verde alerta para limitações de liberdade de informar em tempo de pandemia
Praia, Cabo Verde (PANA)- O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, destacou, nesta segunda-feira, na cidade da Praia, que uma das consequências da pandemia de covid-19 no seio da comunicação social são "pressões" no sentido de restrição da liberdade de informar.
No seu discurso proferido na abertura de uma conferência para assinalar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa em Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca realçou o "trabalho abnegado" dos profissionais da comunicação neste contexto de pandemia em Cabo Verde, que, neste momento, ocupa a 27.ª posição no índice da liberdade de imprensa, num total de 180 países avaliados.
"Se isso nos deve encher de orgulho, não nos deve fazer esquecer que já estivemos um pouco melhores", sublinhou o estadista, acrescentando que Cabo Verde tem um "nível bem elevado" de liberdade de imprensa.
Reconheceu no entanto que o país ainda tem um importante caminho a percorrer.
O Presidente cabo-verdiano aproveitou o momento para manifestar a sua preocupação com a banalização e normalização dos casos de covid-19 no país, alertando para o baixar da guarda e apelando à manutenção da atenção aos riscos.
Jorge Carlos Fonseca lembrou que os primeiros casos de covid-19 em Cabo Verde, à semelhança de outros países, tiveram o condão de alarmar e unir todos numa espécie de frente única.
Entretanto, mostrou-se preocupado pelo facto de esta novidade, na altura, ter passado a ser normal ou mesmo "banal" aos olhos de alguns.
"Verificamos uma espécie de baixar da guarda e de convivência natural com a situação, extensível a todos, jornalistas inclusive", alertou o chefe do Estado, referindo que as próprias notícias têm outro impacto.
"É verdade que não é possível manter os graus de alerta e mobilização a níveis altos durante muito tempo. Apesar do processo de vacinação em curso no país, o meu apelo vai para a manutenção do centro da atenção nos riscos que ainda corremos, nas mortes que ainda podemos evitar, e, para isso, é preciso continuarmos o trabalho de informar e de mantermos esta preocupação no topo das agendas", apelou.
"Jornalismo em tempos de pandemia" é o tema dum debate organizado pela Associação Sindical dos Jornalistas em Cabo Verde (AJOC), em que uma das oradoras é a presidente do Sindicato dos Jornalistas de Portugal, Sofia Branco.
Os desafios do jornalismo no contexto de emergência sanitária, o papel da regulação dos media perante restrições de direitos dos cidadãos e a investigação jornalística num Estado de exceção constitucional e desinformação são os subtemas a serem discutidos.
O Dia Internacional da Liberdade de Imprensa celebra-se a 03 de maio, desde o ano de 1993, unindo esforços de entidades, jornalistas, ativistas e outros cidadãos e visa promover os princípios fundamentais da liberdade de imprensa, combater os ataques feitos aos media e impedir violações à liberdade de imprensa.
Tem a finalidade de, igualmente, lembrar os jornalistas que são vítimas de ataques, capturados, torturados ou que lhes são impostas limitações no exercer da sua profissão, e prestar homenagem a todos os profissionais que faleceram vítimas de ataques terroristas ou assassinados por organizações terroristas.
-0- PANA CS/DD 03maio2021