Cabo Verde admite obrigatoriedade de vacinação contra covid-19
Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde não descarta a possibilidade de vir a enveredar pela vacinação obrigatória contra a covid-19, à semelhança do que já está a acontecer em outros países, declarou segunda-feira o diretor Nacional da Saúde, Jorge Barreto.
Na habitual conferência de imprensa semanal para fazer o ponto da situação da pandemia, Jorge Barreto frisou contudo que, a acontecer a obrigatoriedade, esta será uma decisão do Governo, ouvidas as instâncias técnicas competentes.
Segundo o responsável pela Saúde Pública, nesta altura está-se a tentar identificar estratégias para atrair as pessoas de livre e espontânea vontade, para que não seja necessário tomar medidas extremas.
“Tem sido uma luta diária. Temos estado a rever as estratégias, a analisar os dados de vacinação, ouvir os delegados de Saúde e equipas, no sentido de identificar novas formas que podemos adotar para sensibilizar ainda mais as pessoas para serem vacinadas”, declarou.
Jorge Barreto admite que ser imunizado depende da vontade de cada um, mas reconheceu que cabe às autoridades disponibilizar as informações para dar confiança às pessoas.
“O motivo por detrás desta resistência que ainda encontramos numa parte da população é o medo do desconhecido. Mas o produto que estamos a utilizar, tivemos o cuidado de salvaguardar o máximo de eficácia e segurança.
"Temos estado a seguir e a acompanhar todas as informações técnicas a nível internacional e a tomar as decisões mais seguras e, havendo indícios de alguma probabilidade de diminuição da segurança, seremos os primeiros a avisar as pessoas e a parar o processo”, anotou.
Segundo ele, se países europeus e os Estados estão adotar medidas mais agressivas "é porque a situação é grave".
Sendo Cabo Verde um país de parcos recursos, prosseguiu, o arquipélago espera que as pessoas captem esta mensagem, lembrando que, em caso de descontrolo epidemiológico com o aumento de casos positivos e internamentos, os recursos necessários que serão despendidos podem colocar em causa a sobrevivência do próprio país.
“Se não acelerarmos a vacinação, sobretudo em Santiago, onde estamos a encontrar maior resistência, ficaremos suscetíveis e podemos estar em risco de descontrolo e teremos necessidade outra vez de vir gastar recursos que poderiam ser utilizados em outros setores”, advertiu.
O Diretor nacional da Saúde apela à população para procurar os postos de vacinação para acelerar o processo e evitar desperdícios.
“Estamos a fazer de tudo para que não haja desperdício, mas para isso é preciso as pessoas procurarem os postos de vacinação.
"Das doses que tínhamos, cujos prazos são até final de agosto, deveremos ter cerca de 50 mil ainda para serem utilizadas. E vão ser utilizadas. Tem havido procura, o que nós queremos é que as pessoas procurem ainda mais”, enfatizou Jorge Barreto.
Até 23 de julho corrente, foram utilizadas 154.916 do total das doses de vacinas recebidas (409.050), com cerca de 38 por cento dos imunizantes disponíveis.
No entanto, apenas 4,8 por cento da população adulta estimada já está vacinada com duas doses, sendo 82,5 por cento com 60 ou mais anos de idade, 44 por cento de doentes crónicos, 37 por cento de pessoas que trabalham com turismo, 56,7 por cento dos professores, 20,5 por cento dos polícias, 46,4 por cento dos militares e 26,6 por cento da população geral.
A nível da população adulta, 137.311 pessoas já receberam uma primeira dose da vacina.
Em relação aos jovens entre 18 e 39 anos, já estão vacinadas 33.839 pessoas, ou 15,5 por cento desta faixa etária.
A nível nacional a taxa de incidência acumulada está em 100 por 100 mil habitantes, assim como na semana passada. Até este momento, há um acumulado de 12 óbitos no mês de julho, contra 22 em junho e 45 em maio.
Nas últimas 24 horas, Cabo Verde registou mais um óbito, 15 novos casos e 69 recuperados.
-0- PANA CS/IZ 27julho2021