Cabo Verde admite atraso na regularização da taxa comunitária à CEDEAO
Praia, Cabo Verde (PANA) - O atraso na regularização da taxa comunitária por parte de Cabo Verde junto da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) tem impedido o país de participar ativamente e com maior exigência nas decisões aprovadas pela comunidade, apurou a PANA de fonte segura.
Em conferência de imprensa para fazer o balanço da participação de Cabo Verde na 62.ª Cimeira da CEDEAO ocorrida em Abuja (Nigeria), a 4 de dezembro corrente, o ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, Rui Figueiredo Soares, reconheceu que, devido ao atraso no pagamento da taxa comunitária, Cabo Verde “não pode fazer muito finca-pé na questão de aprovação do orçamento ou outras decisões aprovadas pela comunidade.”
No entanto, ele assinalou que, apesar dessas limitações, a delegação cabo-verdiana alertou para a necessidade da contenção de despesas durante a aprovação do orçamento com um aumento de nove por cento em relação ao ano de 2023.
O governante cabo-verdiano sublinhou ainda que a verba em divida resulta da taxa comunitária que Cabo Verde devia remeter à CEDEAO.
"Não foi para os bolsos dos governantes, mas a verba foi traduzida em infraestruturas, melhoria das condições de vida, educação, saúde e estradas, sublinhou.
“Por conseguinte, temos de fazer também um balanço inverso e perguntar-nos sobre os investimentos que a CEDEAO fez nos últimos anos. Qual é a percentagem investida em Cabo Verde?”, interrogou-se.
Apesar de tudo isso, Rui Figueiredo Soares é de opinião que o país deve fazer esforços para resolver uma “boa parte dessa dívida” já que a integração interessa também aos parceiros de Cabo Verde devido ao seu exemplo de boa governação e paz.
Isto é para que possa ter voz ativa na comunidade, segundo o diplomata cabo-verdiano.
As recomendações de Cabo Verde na Cimeira versaram sobre a realização de prioridades com alguns projetos, entre os quais a questão do corredor Praia/Dakar (Senegal)/Abidjan (Côte d'Ivoire) e infraestruturas de transição ecológica e digital.
A par isso, indicou que nesta Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da CEDEAO foi priorizado o debate sobre as questões da paz e segurança, o regresso à normalidade constitucional nos três países da CEDEAO que se encontram em situação de golpe de Estado, designadamente Burkina Faso, Guiné Conakry e Mali.
O fórum incentivou as autoridades de transição nestes três países a voltarem, quanto antes, à normalidade constitucional.
Analisou-se também, nessa ocasião, segundo disse, a questão dos militares da Cote d’Ivoire detidos no Mali, tendo para efeito sido despachado uma missão liderada pelo Presidente do Togo, Faure Gnassingbe, para aquele pais a fim de ver se este consegue libertar os militares ivoirienses.
Na 62.ª Cimeira dos Chefes de Estado e Governo da CEDEAO, foi ainda empossado um novo presidente da Comissão da referida instituição, Omar Touray (Gâmbia), deu a conhecer o chefe da diplomacia cabo-verdiana.
-0- PANA CS/DD 08dez2022