Cabo Verde adere a um aplicativo internacional para rastrear covid-19
Praia, Cabo Verde (PANA) - Cabo Verde aderiu, segunda-feira, a um aplicativo internacional que permite rastrear, no telemóvel, casos e contactos de infetados pela covid-19 (coronavírus), apurou a PANA de fonte segura na cidade da Praia.
O aplicativo foi desenvolvido por um consórcio internacional, que o deixou aberto à comunidade mundial, de acordo com a mesma fonte.
Sexta-feira última, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, informou, durante uma intervenção no Parlamento, que o Governo ia aprovar, no decurso desta semana, uma resolução criador de condições para a implementação desta plataforma digital.
Descreveu-a como “um importante instrumento de participação citadina e solidária no combate à covid-19", com vista a um aumento da qualidade de segurança sanitária no país.
Em Cabo Verde, a iniciativa da utilização deste aplicativo, que garante o anonimato de todos os intervenientes e evita o colapso do sistema de saúde, é de um grupo de cidadãos, promotores dum projeto denominado “Na nôs mon” (Nas nossas próprias mãos).
Em declarações à imprensa, o engenheiro informático e porta-voz do grupo, Hélio Africano Varela, descreveu o aplicativo como uma solução que permite rastrear, no telemóvel, de forma voluntária e anónima, todos os contactos que as pessoas vão tendo, para, no caso de uma contrair o vírus, as outras serem automaticamente notificadas.
“Por exemplo, se alguém tiver a covid-19, tem a possibilidade de, se quiser, dar esta informação sob total anonimato na aplicação. Do mesmo modo, as pessoas que recebam a notícia de que podem ter estado perto de alguém com a covid-19, também sob total anonimato, podem decidir se querem contactar as autoridades de saúde, isolar-se ou não fazer nada”, explicou.
O porta-voz citou um estudo da Universidade de Oxford (Inglaterra), segundo o qual, se 56 por cento da população de um país aderirem ao aplicativo, consegue-se conter e reverter a tendência de contágio da covid-19.
“Porque assim estamos a andar mais depressa do que o vírus”, justificou Varela, salientando que o objetivo não é atingir 100 por cento das pessoas, mas que se quer evitar o colapso do sistema de saúde.
No caso de Cabo Verde, ele disse que há telemóveis suficientes para “se atingir confortavelmente” esta percentagem.
Todavia, prosseguiu, "agora, é preciso criar uma onda nacional, com mensagens positivas a entusiasmarem todos sobre a necessidade de se protegerem.
“Por isso é que o lema do nosso aplicativo é ‘Protege-te a ti, protege a tua família, protege a tua comunidade'”, prosseguiu Hélio Varela.
Segundo os indicadores estatísticos do mercado das telecomunicações eletrónicas, revelados pela Agência Reguladora Multissetorial da Economia (ARME), no final de 2018, existiam 610 mil 328 assinantes de telemóveis em Cabo Verde, ou seja um número superior aos cerca de 530 mil habitantes do arquipélago.
“Se houver uma adesão em massa, conseguimos fazer, se não houver, não conseguimos”, salientou Hélio Varela.
Sublinhou a importância do apoio de todas as entidades contactadas, nomeadamente a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD), por causa de questões ligadas à privacidade das pessoas.
Indicou que a CNPD já aprovou o aplicativo, e que os direitos e as liberdades dos cidadãos estão assegurados, na medida em que, frisou, o rastreio não é registado no servidor.
“Não põe em causa a privacidade, nem anonimato, muito menos a voluntariedade das pessoas”, garantiu Hélio, dizendo que o aplicativo “põe o poder totalmente na mão do cidadão."
O informático explicou que, depois do apoio das várias entidades e da aprovação do Governo cabo-verdiano, o aplicativo vai ter de ser também aprovado pelas duas multinacionais, a Google e a Apple, o que, a seu ver, poderá demorar até pelo menos 10 dias.
-0- PANA CS/DD 01jun2020