Agência Panafricana de Notícias

Cabo Verde acusa António Indjai de liderar golpe de Estado na Guiné-Bissau

Praia, Cabo Verde (PANA) – O general António Indjai, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau e líder do Comando Militar, "é o verdadeiro líder do golpe de Estado ocorrido na Guiné-Bissau" a 12 de abril, declarou segunda-feira em Banjul, a capital gambiana, o ministro das Relações Exteriores de Cabo Verde, Jorge Borges.

A reunião que o grupo de contacto da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) realizou domingo último na capital gambiana "permitiu, pelo menos, concluir que foi ele que executou o golpe de Estado", disse o chefe da diplomacia cabo-verdiana à Rádio de Cabo Verde a partir de Banjul.

Ele disse que o general Indjai foi o único interlocutor que participou nas negociações com os representantes dos países membros do grupo de contacto da CEDEAO.

Um comunicado do grupo de contacto da CEDEAO publicado esta segunda-feira indica que, depois de doze horas de negociações entre os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países membros do grupo e o general António Indjai, "tornou-se evidente que ele não deseja negociar".

"Ele prefere claramente enfrentar as consequências da aplicação das sanções que organização sub-regional oeste-africana decidiu impor aos militares golpistas" na Guiné-Bissau, se estes, num prazo de 72 horas, que terminou domingo, não acatassem as decisões saídas da cimeira de chefe de Estado e de Governo realizada quinta-feira última em Abidjan (Côte d’Ivoire), lê-se no texto.

O comunicado divulgado pelo grupo de contacto encarregado de acompanhar a implementação das decisões da cimeira sublinha que “no final das discussões, nenhum acordo foi encontrado com o Comando Militar e os seus aliados".

De acordo com o documento, "a rejeição das posições do Grupo de Contacto significa a imposição de sanções que começaram à meia-noite de 29 de abril".

O comunicado precisa ainda que os ministros dos Negócios Estrangeiros dos sete países que compõem o grupo de contacto da CEDEAO para a Guiné-Bissau (Gâmbia, Nigéria, Benim, Cabo Verde, Guiné Conackry, Senegal e Togo) irão entregar um relatório ao Presidente do grupo, o chefe de Estado nigeriano, Goodluck Jonathan.

Uma cimeira de chefes de Estado do grupo de contacto está agendada para 03 de maio próximo em Dakar, no Senegal, para tomar todas as outras medidas necessárias, incluindo o uso da força, para fazer aplicar as decisões da cimeira de 26 de abril, em Abidjan, na Côte d'Ivoire.

Os 15 Estados-membros da CEDEAO decidiram a 26 de abril enviar uma força de estabilização de 500 a 600 militares para a Guiné-Bissau, na sequência do golpe militar de 12 de abril, e dar um ultimato de 72 horas aos golpistas a fim de reporem a ordem constitucional e libertarem o Presidente interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro e candidato presidencial, Carlos Gomes Júnior, sob pena de sofrerem sanções individuais.

A 27 de abril, o autodenominado Comando Militar anunciou aceitar todas as exigências da CEDEAO e ordenou a libertação dos dois políticos que se encontram desde então na Côte d’Ivoire.

Contudo, na reunião de Banjul, o general Indjai rejeitou as decisões tomadas pela cimeira, no que diz respeito à instauração de um período de um ano de transição antes das eleições bem como o envio de uma força militar oeste-africana para garantir a segurança dos órgãos de transição.

O líder do Comando Militar rejeitou também o pedido da CEDEAO para a reinstalação do Presidente da República interino, Raimundo Pereira, no poder.

-0- PANA CS/DD 30abr2012