Cabo Verde acolhe workshop regional sobre gestão da lagarta de cartucho
Praia, Cabo Verde (PANA) – A capital cabo-verdiana, Praia, acolhe, a partir desta segunda-feira, um workshop regional sobre a gestão sustentável da lagarta de cartucho, em África, com a participação de técnicos e especialistas de vários países africanos.
O encontro vai agrupar técnicos e especialistas que trabalham na gestão desta praga que ataca a cultura do milho ao longo de todo o processo de crescimento, florescimento e fortificação, apurou a PANA de fonte da organização.
Trata-se de um encontro promovido pelo Ministério da Agricultura e Ambiente (MAA) de Cabo Verde, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).
Além dos especialistas, participam também no evento a decorrer até quinta-feira técnicos de alto nível, representantes institucionais de países africanos, parceiros e organizações técnicas internacionais para compartilharem experiências e aproveitar as lições apreendidas a nível da gestão da lagarta do cartucho.
Recentemente, Cabo Verde e outros países africanos foram afetados pela lagarta de cartucho do milho, praga que ameaça a produção nacional, o desenvolvimento agrícola e, consequentemente, a segurança alimentar das populações.
Em Cabo Verde, a lagarta de cartucho-de-milho foi registada pela primeira vez, em 2017, nas ilhas de Santo Antão, Fogo, Maio, Boa Vista e Santiago.
Em 2018, a FAO disponibilizou a Cabo Verde 23 milhões de escudos cabo-verdianos (cerca de 209 mil euros), para implementar o projeto de apoio à luta integrada contra a praga da lagarta-do-cartucho do milho, no arquipélago.
Em julho passado, o ministro cabo-verdiano da Agricultura e Ambiente (MAA), Gilberto Silva, presidiu ao ato de inauguração do Insectário e Biofábrica a para produção de Trichogramma (Trichogramma pretiosum), um parasitóide para mitigação dos efeitos de invasão da lagarta do cartucho do milho (Spodoptera frugiperda), entre outras pragas.
O reforço da capacidade de resiliência das famílias agrícolas tem sido uma das prioridades do Governo cabo-verdiano, desde 2016, tanto mais após esses últimos três anos (2014- 2018) de secas severas e extremas que assolam o país, associadas ao surgimento da praga lagarta do cartucho do milho.
“Adotamos desde o início o combate de luta integrada, que não tem que ser com produtos químicos que nem sempre é útil e eficaz no combate às pragas, mas sim com muita inteligência”, disse na ocasião o ministro Gilberto Silva, sublinhando que Cabo Verde é o primeiro país da nossa região que adota esta estratégia de produzir no laboratório de inimigos naturais e depois liberta-los.
“Portanto, todo o percurso até agora produziu resultados, e é o que esperamos na próxima campanha agrícola”, afirmou.
A oficialização do laboratório surge no quadro do protocolo com a FAO, intitulado “Appui à la lutte intégrée contre la chenille légionnaire d’automne au Cabo Verde”, no âmbito do qual o Instituto Nacional de Investigação Agraria (INIDA) e a FAO celebraram um protocolo de execução complementar visando, entre outras atividades, implantar o controlo biológico pelo uso de outros insetos.
Na sequência da inauguração, foi também assinado o Protocolo do INIDA com o Fundo do Ambiente, para o reforço da Resiliência e Fomento dos Setores da Agricultura e Ambiente em Cabo Verde, cujo financiamento está orçado no valor total correspondente a 60 milhões de escudos (cerca de 545 mil euros).
-0- PANA CS/IZ 21out2019