Cabo Verde acolhe projeto de combate à desnutrição países insulares
Praia, Cabo Verde (PANA) – Cabo Verde é um dos países escolhidos para receber um projeto de combate à desnutrição nos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEID), anunciou terça-feira a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Em comunicado de imprensa, a FAO informa que, para o efeito, Cabo Verde recebeu, de 19 a 25 de maio corrente, uma missão exploratória constituída por um especialista em nutrição e qualidade no comércio de produtos alimentares do Escritório Regional de África (RAF) da FAO, Komivi Sodoke.
Trata-se de um projeto que visa “integrar a nutrição nas leis e regulamentos de comércio nacionais e regionais nos países PEID e promover as cadeias de valor dos alimentos locais com vista ao comércio entre os países PEID”.
O mesmo vai ser implementado, nos próximos dois anos, nos PEID no Oceano Atlântico, designadamente Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, e, no Oceano Índico, nas ilhas Comores, nas ilhas Maurícias e nas ilhas Seicheles.
A nota da FAO lembra que os PEID dependem, em larga escala, de “mercados remotos para satisfazer as suas necessidades alimentares” devido aos ambientes naturais fragéis, aliados ao isolamento económico.
Por estas razões, prossegue, muitos destes países sofrem do “triplo fardo” da desnutrição, da subnutrição, da deficiência de micronutrientes e da obesidade que coexistem na população.
“Como causas encontram-se dietas compostas por alimentos importados, altamente processados, e por teores de açúcar, sal e gorduras elevados, o que é potenciado pela liberalização descontrolada de políticas comerciais”, lê-se na mesma nota.
Segundo o mesmo documento, a importação de produtos alimentares de qualidade nutritiva “questionável” deve ser reduzida.
Conforme a FAO, as pessoas trocam uma dieta tradicional composta por produtos locais, como tubérculos, frutos e vegetais por dietas ricas em produtos altamente processados, ricos em sal e açúcar, que têm causado um aumento exponencial da obesidade e da deficiência de nutrientes nos PEID.
Por estas razões, a FAO acha necessário terem-se políticas de comércio que permitam a disponibilidade de “alimentos mais saudáveis e seguros” e que facilitem o comércio destes produtos entre os PEID, além de reforçarem as redes de associações de consumidores.
“Simultaneamente, este ambiente propício deverá ser analisado no sentido de se controlar com rigor o comércio não regulamentado (incluindo a importação e distribuição) de produtos alimentares que possam afetar a saúde humana”, sublinhou a nota.
Com este projeto, prossegue o comunicado, a FAO espera reduzir o nível de desnutrição, principalmente a obesidade, reduzir a importação e distribuição de produtos alimentícios não saudáveis e melhorar o comércio intra-PEID de alimentos nutritivos.
-0- PANA CS/DD 29maio2019