CPLP pronta para arbitrar crise pós-eleitoral em São Tomé e Príncipe
São Tomé, São Tomé e Príncipe (PANA) - A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) prontificou-se para mediar um eventual conflito resultante das eleições em São Tomé e Príncipe, onde já a União Europeia e as Nações Unidas assumiram o protagonismo, contribuindo assim para a resolução do diferendo, soube a PANA de fonte oficial.
É neste contexto que o ministro angolano das Relações Exteriores, Tete António, cujo país preside à CPLP, que desembarcara em São Tomé e Príncipe uma hora antes da publicação final dos resultados das eleições legislativas autárquicas e regional de 25 de setembro último, já manteve encontros com diferentes órgãos de soberania, nomeadamente o Presidente da Republica de São Tomé e Príncipe, primeiro-ministro e chefe do Governo, o Tribunal Constitucional, as Nações Unidas, a missão de observação da União Europeia, incluindo os membros da Comissão Eleitoral Nacional, cuja posição de não declarar o vencedor das eleições legislativas e os respetivos mandatos originou o clima de tensão política e social no arquipélago são-tomense.
“Como sabem a CPLP, teve uma missão de observação eleitoral aqui em São Tomé e Príncipe, apos terem concluído o trabalho. E Ao seu relatório final, viemos dar prosseguimento: a diplomacia preventiva”, garantiu o diplomata angolano.
O clima de tensão, que perdurou 10 dias, entre, por um lado, a ADI (Ação Democrática Independente), que já reivindicava ter ganho as eleições legislativas com maioria absoluta, e, por outro, o partido da independência MLSTP (Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe), que pretende ter vencido com maioria simples e apelava ao adversário para aguardar pela publicação dos resultados oficiais, depois da Assembleia de Apuramento Geral, pelo Tribunal Constitucional nas vestes do Tribunal Eleitoral.
A crispação política subiu de ton devido a uma coligação pós-eleitoral, feita pelo Movimento Basta! MDFM-UL e UDD, que, caso fosse aprovada na Assembleia de Apuramento, reduziria os votos do partido ADI, que venceu as legislativas com maioria absoluta, a 25 de setembro.
Após a divulgação dos resultados provisórios destas eleições, o juiz José Carlos Barreiro, presidente da Comissão Eleitoral Nacional, anunciou publicamente ter sido ameaçado de morte, através de chamadas anónimas, que lhe avisavam que a sua casa seria incendiada, caso os resultados fossem desfavoráveis à ADI.
Barreiro passou a ser escoltado pela força de elite designada “fuzileiros navais”, passando também a sua residência a ser vigiada por militares, segundo a mesma fonte.
-0- PANA RMG/DD 05out2022