Agência Panafricana de Notícias

CPLP garante apoio à normalização constitucional na Guiné-Bissau

Bissau- Guiné-Bissau (PANA) -- A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) reafirmou o seu apoio total ao processo de normalização da ordem constitucional na Guiné-Bissau, soube-se em Bissau terça-feira de fonte oficial.
O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, que chefiou uma missão da CPLP a Bissau, manifestou este apoio ao Presidente da Assembleia Nacional, Raimundo Pereira, que assegura a Presidência interina na sequência do assassinato do Presidente João Bernardo "Nino" Vieira na segunda-feira.
Cravinho, cujo país assume a presidência da CPLP, disse ser possível a organização de eleições presidenciais na Guiné-Bissau dentro de 60 dias, como prevê a Constituição, mas defendeu ser "fundamental o pleno respeito pela normalidade institucional".
"Vamos também ver como apoiar a Guiné-Bissau junto da comunidade internacional.
É um momento crucial da vida do país e a CPLP não pode ficar ausente", sublinhou.
O diplomata português e a delegação da CPLP analisaram ainda com as autoridades bissau-guineenses o futuro do país após os assassínios do Presidente Nino Vieira e do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o general Batista Tagme Na Wai.
"É um momento de todos os guineenses, em particular os responsáveis políticos e militares, olharem para o país.
Isto significa deixar de pensar em termos mais mesquinhos, em interesses ou vinganças em relação a outros momentos do passado.
Os políticos têm agora de estar à altura das suas responsabilidades", sustentou.
"O narcotráfico tem também sido um factor profundamente perturbador da vida política da Guiné-Bissau.
É claro que a instabilidade está também relacionada com o narcotráfico.
Esse é um dos males da Guiné- Bissau e de outros países da região e o que se passou é mais uma manifestação da grande precariedade política", adiantou.
João Cravinho afirmou que a Guiné-Bissau registou nos últimos 10 anos num clima de "profunda instabilidade" e nos últimos meses "viveram-se momentos de tensão".
O secretário de Estado português dos Negócios Estrangeiros disse que esta situação foi agravada pela "dificuldade" de políticos e militares em acompanhar o desejo da população, expressa no voto de mudança das eleições legislativas de Novembro passado ganhas pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).