CPLP disponível para apoiar Moçambique na crise em Cabo Delgado
Cabo Verde (PANA) - O ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, reafirmou quarta-feira, em Lisboa (Portugal), a disponibilidade da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a que Cabo Verde preside, para apoiar Moçambique na resolução da crise, na província de Cabo Delgado.
Em conferência de imprensa conjunta com o homólogo português, Augusto Santos Silva, o chefe da diplomacia cabo-verdiana revelou que o seu país organizou reuniões com as autoridades moçambicanas para demonstrar a total disponibilidade e interesse da organização “em apoiar em tudo aquilo que for necessário e considerado útil pelas autoridades moçambicanas".
Os ataques de extremistas islâmicos, na província moçambicana de Cabo Delgado, onde grupos armados aterrorizam as populações desde 2017, já provocaram mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.
O mais recente ataque ocorreu, em 24 de março, contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.
"A CPLP segue com muita atenção a situação, e o chefe de Estado cabo-verdiano tem encetado as diligências necessárias para se aquilatar aquilo que a CPLP, enquanto organização, pode fazer para ser útil a Moçambique na resolução do conflito que se vive em Cabo Delgado", afirmou Rui Figueiredo Soares.
A situação em Cabo Delgado foi um dos assuntos do encontro entre os dois ministros.
Augusto Santos Silva, que liderou, em janeiro, uma missão da União Europeia (UE) a Moçambique, recordou que o bloco europeu concedeu mais de sete milhões de euros de apoio à ação humanitária, na província, em 2020, tendo aprovado para 2021 um valor superior a 10 milhões de euros.
"Consideramos Cabo Delgado como a prioridade número um da ação da União Europeia na África Austral e no Oceano Índico", frisou.
Neste contexto, destacou o "novo grande projeto de cooperação para o desenvolvimento", em Cabo Delgado, que será cofinanciado pela União Europeia e pelo instituto Camões, no valor de 4,2 milhões de euros.
O objetivo do projeto passa por formar mais de 800 jovens com competências que lhes garantam empregabilidade.
No domínio da segurança, Santos Silva disse estar a decorrer o processo de preparação da missão da UE de formação e treino às Forças Armadas de Moçambique no combate ao terrorismo e proteção das populações.
As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila de Palma, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expetativas de crescimento económico de Moçambique, na próxima década.
-0- PANA CS/IZ 29abril2021