Agência Panafricana de Notícias

CPJ preocupado com detenção de jornalistas na Somália

Dakar, Senegal (PANA) – O Comité para a Proteção de Jornalistas (CPJ), organização de defesa da liberdade da imprensa sediada em Nova Iorque (Estados Unidos), exprimiu num comunicado a sua “grave preocupação” pela manutenção da detenção de três jornalistas na Somália.

Segundo o comunicado do CPJ, transmitido à PANA, os serviços de segurança nacionais somalís detiveram a 15 de agosto corrente em Mogadíscio três jornalistas da Shabelle Media Network e encerraram a sua estação.

As autoridades mantêm em detenção o proprietário da Shabelle Media Network, Abdimalik Yusuf, o diretor da SKY FM, Mohamed Mohamud, e o apresentador da
Radio Shabelle, Ahmed Abdi Hassan.

Nenhuma acusação formal foi apresentada contra os jornalistas detidos, revelou o CPJ.

« Os jornalistas locais acham que as detenções podem estar ligadas a notícias da Shabelle Media Network que criticaram uma entrevista que o Presidente somalí, Hassan Sheikh Mohamud, concedeu à cadeia pública norte-americana PBS », sublinha o comunicado.

Durante esta entrevista, o Presidente somalí teria afirmado que a maioria das empresas mediáticas independentes apoiou os militantes insurretos do grupo Al-Shabaab.

No entanto, o porta-voz do Governo somalí, Abdirahman Omar, declarou ao CPJ que as detenções foram efetuadas depois de a Shabelle Media Network incitar o público à violência e exortar os clãs a combater as forças de segurança.

« A detenção de jornalistas e o encerramento duma estação de rádio não resolverá os problemas da Somália », declarou o representante do CPJ para a África Oriental, Tom Rhodes, exigindo que « Abdimalik Yusuf, Mohamud Mohamed e Ahmed Abdi Hassan devem ser libertos imediatamente ».

Segundo o CPJ, os jornalistas da Shabelle Media Network tentaram relançar a estação terça-feira, mas as forças de segurança encerraram-na de novo e confiscaram o material.

Entretanto, num incidente separado as forças de segurança detiveram domingo último 11 jornalistas de vários órgãos de comunicação que assistiam a uma conferência de imprensa realizada pelo líder da oposição, Ali Mohamed Nouh, num hotel de Mogadíscio.

Eles foram detidos durante três horas e ordenados a ir à sede dos serviços de segurança cada quarta-feir sem que nenhuma acusação oficial ou explicação fosse feita sobre as suas detenções.

O CPJ lembrou que em outubro último as autoridades retiraram à força, a Shabelle Media Network das suas instalações em Mogadíscio por um conflito de arrendamento que os jornalistas locais suspeitaram ser uma tentativa de censurar a estação.

-0- PANA MLJ/VAO/MTA/IS/FK/TON 22ago2014