CEDEAO e UNOWAS preocupados com crise pós-eleitoral no Benin
Cotonou, Benin (NAPA) - A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e o Escritório das Nações Unidas para a África Ocidental e o Sahel (UNOWAS, sigla em inglês) estão profundamente preocupados com a crise pós-eleitoral no Benin, de acordo com uma declaração conjunta divulgada sexta-feira.
"A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e o Escritório das Nações Unidas para a África Ocidental e o Sahel acompanham de perto a situação política no Benin, nomeadamente após as eleições legislativas de 28 de abril de 2019 e manifestam a sua profunda preocupação com a evolução dos acontecimentos que culminaram com atos de violência, desde 28 de abril de 2019", lê-se na nota a que a PANA teve acesso em Cotonou.
Ambas as instituições apelam às autoridades nacionais, aos líderes de partidos políticos, líderes religiosos e tradicionais, a organizações da sociedade civil e ao povo do Benin para fazerem as pazes a fim de que todas as queixas relacionadas com as eleições sejam tratadas de forma inclusiva, legal e pacífica, a fim de promoverem a reconciliação entre os atores políticos e preservarem a estabilidade no país e na região".
"A CEDEAO e o UNOWAS instam, em particular, o Governo e os principais partidos políticos, seus dirigentes e apoiantes, a concentrarem-se no diálogo para encontrarem uma solução duradoura para as suas divergências, em conformidade com as recomendações das consultas realizadas no Benin durante recentes missões de alto nível conduzidas em Cotonou por representantes da CEDEAO e do UNOWAS", sublinha a declaração.
As duas entidades congratularam-se com a longa tradição democrática do país, incentivando no entanto todas as partes interessadas a preservarem as suas conquistas, a fim de salvaguardarem a imagem do país e da região.
Reafirmaram o seu apoio a todos os esforços no sentido duma resolução pacífica dos diferendos entre as partes desavindas.
No domingo último, os Beninenses foram às urnas para elegerem os 83 deputados do oitavo mandato da sua Assembleia Nacional, entre os candidatos da União Progressista e do Bloco Republicano, dois partidos da maioria presidencial.
A oposição, excluída da corrida devido à interpretação dos textos resultantes das reformas políticas, apelou ao boicote do escrutínio.
Três dias após as eleições, a tensão, até então limitada a algumas localidades do norte e centro do país, alastrou-se a Cotonou, a capital económica, na sequência de rumores de uma tentativa de detenção do ex-Presidente beninense, Boni Yayi (2006 a 2016).
O movimento pró-Boni saíu à rua da sua residência e nos arredores, descambando numa situação de motim popular, fazendo três mortos, feridos, enormes danos materiais, além da detenção de vários manifestantes.
O ministério do Interior e a Polícia sustentam que não existem planos para prender o ex-Presidente Boni Yayi e que a polícia se deslocou ao local por causa da formação progressiva da multidão, cujo pedido de se manifestar não havia sido dirigido às autoridades competentes.
Controlado quarta-feira última à noite, o movimento retomou um dia depois em algumas áreas circundantes onde a polícia teve de intervir para estabelecer a calma ao início da tarde.
-0- PANA IT/JSG/CJB/DD 4maio2019