Agência Panafricana de Notícias

CEDEAO analisa situação na Guiné-Bissau

Abuja- Nigéria (PANA) -- Os líderes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) vão reunir-se de 13 a 18 de Setembro próximo para abordar a situação política na Guiné-Bissau, revelou quarta-feira o Presidente nigeriano, Goodluck Jonathan.
O Presidente Jonathan, Presidente em exercício da CEDEAO, declarou ao seu homólogo senegalês, Abdoulaye Wade, em Abuja, a capital federal da Nigéria, que "sugerimos a realização duma reunião de emergência de 13 a 18 de Setembro, pois é importante para a CEDEAO tomar medidas adequadas para estabilizar a Guiné-Bissau a fim de evitar a deterioraão da situação".
Em previsão da reunião dos chefes de Estado da CEDEAO, uma conferência extraordinária de dois dias dos chefes dos Estados-Maiores das Forças Armadas dos Estados membros da CEDEAO (CCDS) foi realizada na semana passada em Bissau para encontrar soluções duradouras para a crise e instou a restruturação imediata do Exército bissau-guineense.
O chefe de Estado-Maior das Forças Armadas da Nigéria e presidente da CCDS, o general Paul Dike, e os chefes dos Estados-Maiores das Forças Armadas do Burkina Faso e de Cabo Verde declararam aos jornalistas no termo da reunião que a restruturação vai envolver a reforma imediata do setor da segurança, a reabilitação dos quartéis e a melhoria do bem-estar dos militares.
O Presidente Jonathan indicou que a sub-região tinha capacidade de fornecer os 600 soldados pedidos pelo Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanhá, e acrescentou que a segurança neste país é primordial para a CEDEAO.
A Guiné-Bissau, um dos 15 Estados membros da CEDEAO, vive momentos cíclicos de instabilidade desde a sua independência de Portugal em 1974 após vários anos de luta de libertação empreendida pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), liderado por Amílcar Cabral.
Apenas quatro anos depois da sua independência, a Guiné-Bissau iniciou um ciclo de instabilidade político-militar quando o então primeiro-ministro João Bernardo "Nino" Vieira, ex-combatente da guerra anti-colonial, liderou um golpe de Estado contra o Presidente Luís Cabral em Novembro de 1980.
Nino Vieira foi eleito nas primeiras eleições multipardárias do país em Julho de 1994, mas quatro anos depois foi derrubado pelo brigadeiro Ansumane Mané e o país mergulhou num período de guerra civil.
Novas eleições foram organizadas após o fim da guerra e Kumba Yalá foi eleito Presidente da República, cargo que assumiu em 2000 antes de ser derrubado por um golpe de Estado militar em 2003.
Nino Vieira voltou ao poder após ser eleito em 2005, mas em Março de 2009 ele foi morto por militares em sua casa após o assassinato do ex-chefe do Estado- Maior das Forças Armadas, o general Batista Tagmé Na Waie, num atentado à bomba.
Após a morte de Nino Vieira, um novo Presidente, Malam Bacai Sanhá, foi eleito durante eleições antecipadas em Junho de 2009, mas os militares continuaram a imiscuir-se nos assuntos políticos e recusam-se a aceitar o controlo civil como um elemento de governação democrática.
O último incidente protagonizado pelos militares ocorreu em Abril deste ano quando o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Zamora Induta, foram detidos.
O primeiro-ministro foi libertado posteriormente, mas o chefe das Forças Armadas continua detido e foi destituído.