Agência Panafricana de Notícias

Bloqueio ideológico de PAICV causa estagnação económica em Cabo verde, diz opositor

Praia, Cabo Verde (PANA) - As razões da estagnação económica em Cabo Verde residem no “bloqueio ideológico” por parte da força política que governa o país desde de 2001, considera o Movimento para a Democracia (MpD), principal partido da oposição.

Esta consideração foi tecida quarta-feira pelo vice-presidente do MpD, Olavo Correia,em conferência de imprensa, na cidade da Praia, sobre o estado da economia em 2013, na sequência da publicação do relatório do Banco de Cabo Verde (BCV).

Na ocasião, o opositor denunciou a ideologia do Governo do Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder) de ser o principal fator que conduziu ao atual estado “crítico” da economia cabo-verdiana.

Olavo Correia, ex-governador do BCV no período em que o MpD esteve no poder (1991-2001), admitiu que o enquadramento externo “não é favorável” ao desempenho da economia cabo-verdiana.

No entanto, ele realçou que as responsabilidades maiores devem ser atribuídas, essencialmente, às “fragilidades internas” que resultaram do “bloqueio ideológico” do partido no poder.

Para o MpD, o relatório do BCV mostra que o arquipélago cabo-verdiano teve um crescimento abaixo do seu potencial (0,5 porcento), muito inferior a taxa do crescimento da população (1,2%), o que, na sua perspetiva, sugere o empobrecimento médio da população cabo-verdiana.

"Crescemos menos que os países da África Subsariana e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)”, lamentou Olavo Correia, precisando que “Cabo Verde cresceu em média 1 porcento nos últimos cinco anos, quando a África subsariana cresceu acima dos 5 porcento”.

Segundo ele, a geração de riqueza é inferior à taxa de crescimento da população ,o que sugere um empobrecimento do país.

“Temos um crescimento da população na ordem de 1,2 porcento nos últimos anos e do PIB na ordem dos 0,5 porcento, ou seja o crescimento da população é o dobro da riqueza nacional”, anota.

O MpD, de acordo este seu dirigente, considera “inconcebível” que o Governo tenha gasto mais de 500 mil milhões de escudos (cerca de cinco mil milhões de euros) nos últimos 13 anos para apresentar hoje, como resultados, “o desemprego, a redução do rendimento disponível, o empobrecimento da população e empresas em situações difíceis” por causa do enquadramento macroeconómico.

Segundo ele, qualquer alteração que o Governo vier a fazer sobre este modelo de desenvolvimento económico não produzirá resultado.

“Estamos perante um ciclo vicioso que retrata o esgotamento completo do modelo económico”, sublinhou Olavo.

A seu ver, para quebrar esse ciclo vicioso, o MpD aponta um tripé assente na melhoria radical do ambiente de negócios, no reforço da confiança, da estabilidade e da previsibilidade macroeconómicas e na garantia de um quadro ideológico que reduza o peso do Estado na economia.

O mesmo quadro deve promover a privatização ou concessão às empresas da gestão de serviços públicos e aprofundar a descentralização através da regionalização.

Concluindo, o MpD diz que Cabo Verde precisa verdadeiramente de “promover a alternância política, mudando de governo e de atores”.

-0- PANA CS/DD 30maio2014