Agência Panafricana de Notícias

Bissau-guineenses residentes em Cabo Verde exigem emposse do novo Governo no país

Praia, Cabo Verde (PANA) - Bissau-guineenses residentes na cidade da Praia exigem do Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, para empossar o novo Governo a ser formado naquele pais, tendo em conta os resultados das eleições de 10 de março ultimo, apurou a PANA de fonte segura.

Os manifestantes expressaram este desiderato durante realizaram uma marcha pacífica realizada domingo, na cidade da Praia.

A manifestação pacífica partiu do Estádio da Várzea até à representação diplomática da Guiné-Bissau, no bairro do Palmarejo, onde, finalmente, os participantes entregaram uma carta ao embaixador do seu pais na capital cabo—verdiana, Mbála Fernandes, na qual apresentam a sua reivindicações ao chefe de Estado bissau-guineense.

Os manifestantes ostentavam cartazes com algumas frases de protesto, escandindo, ao mesmo tempo, palavras de ordem como “o nosso voto não é lixo”, “exigimos respeito”, “em democracia, a maioria é que vence”, “abaixo ladrões de arroz”, “Jomav basta”, “Jomav respeite a vontade do povo” e “queremos o novo Governo já”.

Em declarações à imprensa local, um dos organizadores da manifestação, Pedro Barbosa Mendonça, considerou  “perigoso” que, 70 dias após as eleições legislativas, ainda não haja um Governo na Guiné-Bissau, devido ao impasse para a constituição da mesa da Assembleia Nacional Popular.

Segundo ele, a população da Guiné-Bissau decidiu nas urnas que é o Partido Africano de Independência de Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC) que deve governar o país.

A seu ver, até ao momento, o Presidente da República, José Mário Vaz, “não cumpriu com o seu papel” que é "o de indigitar o futuro primeiro-ministro".

“Nós estamos a exigir a valorização do nosso voto. Nós decidimos. O Governo tem que ser formado. É essa a nossa exigência na Guiné como na diáspora. Isso é imperativo e vamos continuar na mesma linha em que estamos hoje, ou seja, as manifestações continuam”, assegurou.

Pedro Barbosa Mendonça disse ainda ter acompanhado uma entrevista do Presidente da República da Guiné-Bissau, em que este alega que "a nomeação do Governo não depende só dele".

“Não é verdade. O artigo 68 alinha I diz claramente que a nomeação e exoneração de qualquer Governo compete ao Presidente da República. O Presidente da República não pode legar esta competência a outra pessoa”, frisou.

Por sua vez, o representante da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), na cidade da Praia, Domingos Augusto, afirmou que, com esta marcha pacífica, os manifestantes querem exigir os seus direitos, uma vez que, sublinhou, cumpriram com o seu papel que era votar.

“O objetivo é exigir o emposse do Governo na Guiné-Bissau eleito no dia 10 de março. Mas, até hoje, concretamente dois meses e nove dias depois, o Presidente da República mantém-se em silêncio”, indignou-se, acrescentando que “ele tem que fazer alguma coisa para que possamos sair desse impasse em que estamos”.

O representante da APU-PDGB, um dos partidos que assinaram um acordo com PAIGC para formar um governo com apoio assegurado na ANP (Parlamento)   

Acrescentou que o país não pode ficar parado e que o povo quer é ver o desenvolvimento da Guiné-Bissau.

Depois de Cipriano Cassamá, do PAIGC, reconduzido no cargo de presidente do Parlamento, e Nuno Nabian, da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) eleito primeiro vice-presidente, a maior parte dos deputados guineenses votou contra o nome do coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), Braima Camará, para segundo vice-presidente do Parlamento.

O facto de o Madem-G15 se ter recusado a avançar com outro nome para cargo está na origem do impasse para a constituição definitiva da mesa da ANP.

Por outro lado, o Partido de Renovação Social (PRS) reclama pela indicação do nome do primeiro secretário da mesa da Assembleia, o que também está a dificultar o processo.

Entretanto, a CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), que enviou uma missão a Bissau, exige a nomeação de um novo Governo, independentemente da resolução do impasse na constituição da direção do Parlamento.

A mesma posição já foi também assumida por organismos internacionais e países como os Estados Unidos.

-0- PANA CS/DD 20maio2019