PANAPRESS
Agência Panafricana de Notícias
Biografia de Mandela
Cidade do Cabo, África do Sul (PANA) – Nunca na história da África do Sul – ou de qualquer outro país – um indivíduo jogou um papel tão fundamental em unir uma sociedade profundamente dividida.
De prisioneiro a estadista mundial, Nelson Mandela tornou-se num farol para toda a humanidade depois tirar a África do Sul, antiga terra do Apartheid, de uma sistemática guerra racial.
Nascido a 18 de julho de 1918, na aldeia de Mvezo, na Província do Cabo, Mandela foi-lhe dado o nome de Rolihlahla, que significa "perturbador" no dialecto local Xhosa. O seu primeiro professor deu-lhe o nome cristão de Nelson.
“Porquê este nome particular (Rolihlahla)? Não faço ideia," disse Mandela um dia.
Ele estudou Antropologia, Política, Administração e Direito Romano e Holandês na Universidade de Fort Hare, uma instituição da elite negra em Alice, Cabo Ocidental, mas, na sequência do seu envolvimento num protesto contra a qualidade da comida, abandonou sem receber o diploma.
Mudou-se para Joanesburgo e conseguiu emprego como sentinela noturno da Crown Mines e encontrou-se com o ativista do Congresso Nacional Africano (ANC), Walter Sisulu, que lhe garantiu um emprego como escriturário no escritório de advogados Witkin, Sidelsky and Edelman.
Enquanto trabalhava nesse escritório, licenciou-se em Letras pela Universidade da África do Sul. Em 1943, matriculou-se para um programa de licenciatura em Direito pela Universidade de Witwatersrand onde foi o único estudante negro na Faculdade.
Mandela casou-se com Evelyn Mase, uma ativista do ANC e enfermeira de Transkei, em outubro de 1944, e o casal teve dois filhos – Madiba e Makaziwe, que morreu nove meses depois de meningite.
Em 1950, Mandela foi eleito presidente da Liga Juvenil do ANC e, dois anos mais tarde, foi detido nos termos da Lei da Supressão do Comunismo. Declarado culpado de “comunismo estatutário”, ele foi condenado a nove meses de prisão com trabalho forçado, suspenso durante dois anos.
Em 1953, Mandela e Oliver Tambo abriram o seu próprio escritório de advogados na parte baixa de Joanesburgo, o primeiro escritório de advogados negros no país.
Em 1956, Mandela foi detido com a maior parte dos dirigentes do ANC por “alta traição” contra o Estado. Depois de seis anos de julgamento, os juízes passaram um veredito de não culpado que foi encarado na altura como um golpe humilhante para o governo do Aparheid.
No mesmo ano, ele cofundou o Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação") com Sisulu e com o comunista Joe Slovo. Em 5 de agosto de 1962, a Polícia deteve Mandela perto de Howick em KwaZulu-Natal.
Durante a custódia, ele iniciou estudos por correspondência para uma Licenciatura em Direito pela Universidade de Londres.
No ano seguinte, a Polícia empreendeu uma busca ao esconderijo de Mandela em Joanesburgo – Liliesleaf Farm – onde ela encontrou documentos comprovativos das suas atividades contra o Estado.
No julgamento subsequente em Rivonia, no Tribunal Supremo de Pretória, Mandela foi declarado culpado em quatro acusações e condenado à prisão perpétua. Foi transferido para Robben Island, ao largo da Cidade do Cabo, onde viveu os 18 anos seguintes.
Em 1982, foi transferido para a Prisão de Pollsmoor na Cidade do Cabo mas, três anos mais tarde, o Presidente PW Botha propôs a sua libertação sob a condição de que ele “rejeitasse incondicionalmente a violência como arma política”. Mandela rejeitou a proposta e, ao invés, emitiu uma declaração através da sua filha Zindzi, afirmando que “só homens livres podem negociar. Um prisioneiro não pode encetar contactos”.
Em 1988, ele foi transferido para a Prisão de Victor Verster, fora da Cidade do Cabo onde concluiu a sua licenciatura em Direito. Após a queda do Muro de Berlim, em Novembro de 1989, o novo Presidente eleito, FW de Klerk, encontrou-se com Mandela e, pouco depois, anunciou que ele o iria libertar incondicionalmente. De Klerk também legalizou todos os partidos políticos antes proibidos.
Sob os projetores da ribalta internacional, Mandela, com a sua esposa Winnie ao lado, saiu da prisão a 11 de fevereiro de 1990.
Foi conduzido à Câmara Municipal da Cidade do Cabo onde pronunciou um discurso em que proclama o seu compromisso com a paz e a reconciliação com a minoria branca, mas deixa claro que a luta armada do ANC não tinha terminado.
Três meses depois, ele dirigiu uma delegação do ANC às negociações preliminares com o Governo. Durante a Convenção para uma África do Sul democrática em que participaram 228 delegados de 19 partidos políticos, Mandela foi a figura-chave e, depois de De Klerk proferir o seu discurso de encerramento condenatório à violência do ANC, Mandela denunciou-o como “chefe de um regime minoritário ilegítimo e desacreditado”.
O então governo do partido no poder, o Partido Nacional, percebeu que estava tudo a postos para as eleições de 27 de abril de 1994, em que o ANC e Nelson Mandela, como seu candidato presidencial, venceram em 7 das 9 províncias. O Inkhata e o Partido Nacional venceram uma província cada.
A tomada de posse de Mandela teve lugar em Pretória, em 10 de maio de 1994.
Um ano mais tarde, Mandela intentou uma ação de divórcio contra a sua esposa, Winnie, alegando a sua infidelidade. Pouco depois, ele começou um relacionamento com Graça Machel, a viúva do defunto Presidente moçambicano, Samora Machel.
Politicamente, Mandela estendeu a mão à minoria branca da África do Sul com a nomeação de FW de Klerk como seu primeiro Vice-Presidente. Também encontrou-se com altas individualidades do regime do Apartheid, incluindo a víuva de Hendrik Verwoerd, Betsie.
Quando a África do Sul organizou – e venceu – o Mundial de Râguebi de 1995, Mandela apelou à nação inteira para apoiar predominantemente a equipa branca. Ele também supervisionou a formação de uma Comissão Verdade e Reconciliação, que investigou sobre as atrocidades da era do Apartheid e serviu de inspiração para outros países confrontados com traumas internos.
Sob a Presidência de Mandela, as despesas sociais aumentaram consideravelmente e introduziu-se a gratuitidade dos cuidados de saúde para crianças abaixo dos seis anos de idade e mulheres grávidas. Entre os seus baixos, Mandela foi acusado de ter feito pouco para combater a pandemia do HIV/Sida e, até 1999, dez porcento da população sul-africana era seropositiva.
Mandela renunciou como Presidente do ANC na Convenção de dezembro de 1997 e foi sucedido por Thabo Mbeki. Ele recusou-se a cumprir um segundo mandato.
Em junho de 2004, aos 85 anos de idade, ele anunciou a sua retirada da vida pública. O seu 90º aniversário foi marcado em todo o país em 18 de julho de 2008, tendo as principais comemorações sido na sua terra natal em Qunu, e um concerto em sua honra no Hyde Park, em Londres.
Mandela, que foi determinante na obtenção pela África do Sul dos direitos de organização do Mundial de 2010 em futebol, fez a sua última aparição pública durante a cerimónia de encerramento.
Em fevereiro de 2011, foi hospitalizado com uma infeção pulmonar e, no ano seguinte, voltou a ser internado também por uma infeção pulmonar e para a remoção de cálculo biliar.
Em março de 2013, a sua infeção pulmonar reapareceu e ficou momentaneamente hospitalizado em Pretória. Dois meses mais tarde, a infeção agravou-se e voltou ao hospital. Ele morreu quinta-feira em sua casa, em Joanesburgo, pelas 20:40 horas locais (18:40 TMG).
-0- PANA CU/IZ 06dez2013
De prisioneiro a estadista mundial, Nelson Mandela tornou-se num farol para toda a humanidade depois tirar a África do Sul, antiga terra do Apartheid, de uma sistemática guerra racial.
Nascido a 18 de julho de 1918, na aldeia de Mvezo, na Província do Cabo, Mandela foi-lhe dado o nome de Rolihlahla, que significa "perturbador" no dialecto local Xhosa. O seu primeiro professor deu-lhe o nome cristão de Nelson.
“Porquê este nome particular (Rolihlahla)? Não faço ideia," disse Mandela um dia.
Ele estudou Antropologia, Política, Administração e Direito Romano e Holandês na Universidade de Fort Hare, uma instituição da elite negra em Alice, Cabo Ocidental, mas, na sequência do seu envolvimento num protesto contra a qualidade da comida, abandonou sem receber o diploma.
Mudou-se para Joanesburgo e conseguiu emprego como sentinela noturno da Crown Mines e encontrou-se com o ativista do Congresso Nacional Africano (ANC), Walter Sisulu, que lhe garantiu um emprego como escriturário no escritório de advogados Witkin, Sidelsky and Edelman.
Enquanto trabalhava nesse escritório, licenciou-se em Letras pela Universidade da África do Sul. Em 1943, matriculou-se para um programa de licenciatura em Direito pela Universidade de Witwatersrand onde foi o único estudante negro na Faculdade.
Mandela casou-se com Evelyn Mase, uma ativista do ANC e enfermeira de Transkei, em outubro de 1944, e o casal teve dois filhos – Madiba e Makaziwe, que morreu nove meses depois de meningite.
Em 1950, Mandela foi eleito presidente da Liga Juvenil do ANC e, dois anos mais tarde, foi detido nos termos da Lei da Supressão do Comunismo. Declarado culpado de “comunismo estatutário”, ele foi condenado a nove meses de prisão com trabalho forçado, suspenso durante dois anos.
Em 1953, Mandela e Oliver Tambo abriram o seu próprio escritório de advogados na parte baixa de Joanesburgo, o primeiro escritório de advogados negros no país.
Em 1956, Mandela foi detido com a maior parte dos dirigentes do ANC por “alta traição” contra o Estado. Depois de seis anos de julgamento, os juízes passaram um veredito de não culpado que foi encarado na altura como um golpe humilhante para o governo do Aparheid.
No mesmo ano, ele cofundou o Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação") com Sisulu e com o comunista Joe Slovo. Em 5 de agosto de 1962, a Polícia deteve Mandela perto de Howick em KwaZulu-Natal.
Durante a custódia, ele iniciou estudos por correspondência para uma Licenciatura em Direito pela Universidade de Londres.
No ano seguinte, a Polícia empreendeu uma busca ao esconderijo de Mandela em Joanesburgo – Liliesleaf Farm – onde ela encontrou documentos comprovativos das suas atividades contra o Estado.
No julgamento subsequente em Rivonia, no Tribunal Supremo de Pretória, Mandela foi declarado culpado em quatro acusações e condenado à prisão perpétua. Foi transferido para Robben Island, ao largo da Cidade do Cabo, onde viveu os 18 anos seguintes.
Em 1982, foi transferido para a Prisão de Pollsmoor na Cidade do Cabo mas, três anos mais tarde, o Presidente PW Botha propôs a sua libertação sob a condição de que ele “rejeitasse incondicionalmente a violência como arma política”. Mandela rejeitou a proposta e, ao invés, emitiu uma declaração através da sua filha Zindzi, afirmando que “só homens livres podem negociar. Um prisioneiro não pode encetar contactos”.
Em 1988, ele foi transferido para a Prisão de Victor Verster, fora da Cidade do Cabo onde concluiu a sua licenciatura em Direito. Após a queda do Muro de Berlim, em Novembro de 1989, o novo Presidente eleito, FW de Klerk, encontrou-se com Mandela e, pouco depois, anunciou que ele o iria libertar incondicionalmente. De Klerk também legalizou todos os partidos políticos antes proibidos.
Sob os projetores da ribalta internacional, Mandela, com a sua esposa Winnie ao lado, saiu da prisão a 11 de fevereiro de 1990.
Foi conduzido à Câmara Municipal da Cidade do Cabo onde pronunciou um discurso em que proclama o seu compromisso com a paz e a reconciliação com a minoria branca, mas deixa claro que a luta armada do ANC não tinha terminado.
Três meses depois, ele dirigiu uma delegação do ANC às negociações preliminares com o Governo. Durante a Convenção para uma África do Sul democrática em que participaram 228 delegados de 19 partidos políticos, Mandela foi a figura-chave e, depois de De Klerk proferir o seu discurso de encerramento condenatório à violência do ANC, Mandela denunciou-o como “chefe de um regime minoritário ilegítimo e desacreditado”.
O então governo do partido no poder, o Partido Nacional, percebeu que estava tudo a postos para as eleições de 27 de abril de 1994, em que o ANC e Nelson Mandela, como seu candidato presidencial, venceram em 7 das 9 províncias. O Inkhata e o Partido Nacional venceram uma província cada.
A tomada de posse de Mandela teve lugar em Pretória, em 10 de maio de 1994.
Um ano mais tarde, Mandela intentou uma ação de divórcio contra a sua esposa, Winnie, alegando a sua infidelidade. Pouco depois, ele começou um relacionamento com Graça Machel, a viúva do defunto Presidente moçambicano, Samora Machel.
Politicamente, Mandela estendeu a mão à minoria branca da África do Sul com a nomeação de FW de Klerk como seu primeiro Vice-Presidente. Também encontrou-se com altas individualidades do regime do Apartheid, incluindo a víuva de Hendrik Verwoerd, Betsie.
Quando a África do Sul organizou – e venceu – o Mundial de Râguebi de 1995, Mandela apelou à nação inteira para apoiar predominantemente a equipa branca. Ele também supervisionou a formação de uma Comissão Verdade e Reconciliação, que investigou sobre as atrocidades da era do Apartheid e serviu de inspiração para outros países confrontados com traumas internos.
Sob a Presidência de Mandela, as despesas sociais aumentaram consideravelmente e introduziu-se a gratuitidade dos cuidados de saúde para crianças abaixo dos seis anos de idade e mulheres grávidas. Entre os seus baixos, Mandela foi acusado de ter feito pouco para combater a pandemia do HIV/Sida e, até 1999, dez porcento da população sul-africana era seropositiva.
Mandela renunciou como Presidente do ANC na Convenção de dezembro de 1997 e foi sucedido por Thabo Mbeki. Ele recusou-se a cumprir um segundo mandato.
Em junho de 2004, aos 85 anos de idade, ele anunciou a sua retirada da vida pública. O seu 90º aniversário foi marcado em todo o país em 18 de julho de 2008, tendo as principais comemorações sido na sua terra natal em Qunu, e um concerto em sua honra no Hyde Park, em Londres.
Mandela, que foi determinante na obtenção pela África do Sul dos direitos de organização do Mundial de 2010 em futebol, fez a sua última aparição pública durante a cerimónia de encerramento.
Em fevereiro de 2011, foi hospitalizado com uma infeção pulmonar e, no ano seguinte, voltou a ser internado também por uma infeção pulmonar e para a remoção de cálculo biliar.
Em março de 2013, a sua infeção pulmonar reapareceu e ficou momentaneamente hospitalizado em Pretória. Dois meses mais tarde, a infeção agravou-se e voltou ao hospital. Ele morreu quinta-feira em sua casa, em Joanesburgo, pelas 20:40 horas locais (18:40 TMG).
-0- PANA CU/IZ 06dez2013