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Banco central receia efeitos da segunda vaga da covid-19 no turismo em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - Os efeitos da segunda vaga de contágios pela covid-19 nos principais países emissores de turistas para Cabo Verde, sobretudo europeus, na procura turística em dezembro de 2020 e no primeiro trimestre de 2021,  são entre outros riscos ao desempenho económico do arquipélago cabo-verdiano, soube a PANA de fonte oficiakl.

A informação consta de um Relatório de Política Monetária, divulgado  quarta-feira última, pelo Banco de Cabo Verde (BCV), a que a PANA teve acesso.

Cabo Verde depende economicamente do turismo, que representa 25 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), mas o setor está parado desde 19 de março último, quando foram suspensos os voos internacionais comerciais, para se conter a transmissão da covid-19, segundo o mesmo documento.

No entanto, o Governo já anunciou a retoma, em dezembro próximo, da atividade, a começar pela ilha turística do Sal, onde, neste momentom já há o registo de casos ativos de infeções pelo novo coronavírus.

Neste documento, o BCV admite também que o "exercício de programação financeira em Cabo Verde, encerra um elevado nível de incertezas" no atual contexto, face à "natureza do atual choque exógeno" provocado pela pandemia no país.

Neste sentido, o banco central cabo-verdiano admite que a recessão esperada para 2020 será mais profunda, podendo atingir uma contração de 11 por cento do PIB, devido aos riscos que a economia cabo-verdiana ainda enfrenta com a pandemia.

As previsões apontam ainda para uma recuperação económica mais modesta em 2021, que pode ser de apenas três por cento do PIB, em função dos mesmos riscos, sobretudo no atraso da retoma do turismo no arquipélago, ainda condicionada pela pandemia de covid-19.

A estimativa de outubro do BCV aponta para, no cenário base, uma recessão de 8,1 por cento, que pode chegar aos 10,9 por cento do PIB no cenário mais adverso, enquanto, para 2021, o crescimento poderá oscilar entre 3,0 e 5,1 por cento.

Estas previsões contrastam com as expetativas oficiais do Governo cabo-verdiano, na proposta de Orçamento do Estado para 2021 que já admitiam uma recessão histórica, entre 6,8% e 8,5% do PIB este ano, e um crescimento económico no próximo ano de 4,5%, caso se confirme o desconfinamento internacional.

No relatório, o BCV sublinha que "as incertezas que rodeiam o processo de recuperação da economia" de Cabo Verde, "do pior choque sofrido desde a independência, interpelam a um reiterado esforço de acomodação monetária pelo banco central".

Neste quadro, e perspetivando "contidas pressões inflacionistas e na balança de pagamentos", o BCV refere que manterá inalteradas as taxas diretoras, das facilidades permanentes de cedência e de absorção da liquidez, bem como o coeficiente das disponibilidades mínimas de caixa, em "níveis historicamente baixos", de 0,25, 0,5, 0,05 e 10%, respetivamente.

"Igualmente, o provisionamento excecional de liquidez aos bancos e as regras prudenciais mais flexíveis continuarão a suportar a intermediação financeira e, consequentemente, a facilitar o financiamento da economia", frisou o BCV.

"A autoridade monetária e supervisora do sistema financeiro nacional manterá um controlo apertado dos riscos à estabilidade nominal e financeira do país, que constitui condição necessária para conter os impactos da pandemia da covid-19 e promover o progresso económico e social do país", concluiu o banco central cabo-verdiano.

-0- PANA CS/DD 04nov2020