Agência Panafricana de Notícias

Banco Mundial e União Africana reforçam programa de segurança alimentar

Luanda, Angola (PANA) - A Comissão da União Africana (CUA) e o Banco Mundial (BM) definiram um vasto programa de reforço da segurança alimentar e resiliência nutricional no Corno de África e na região da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austrral), avaliado em 2.300.000.000 dólares americanos, soube a PANA de fonte oficial.

O anúncio foi feito no últik o fim de semana em Luanda pela comissária da UA para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Desenvolvimento Sustentável, Josefa Correia Sacko, por ocasião do Fórum Internacional sobre a Participação das Mulheres na Liderança para a Paz e Democracia.

Durante este fórum decorrido sob lema "Inovação Tecnológica como Ferramenta para o Alcance da Segurança Alimentar”, a diplomata angolana disse que o espectro da insegurança alimentar, que faz parte do passado noutras partes do mundo, continua ainda a persistir em África, o que, a seu ver, expõem a vulnarabilidade das economias.

“Falar dos desafios da segurança alimentar e de alterações climáticas no nosso continente é falar de uma das injustiças mais chocantes do nosso tempo, porque embora África contribua com uma percentagem mínima das emissões de gases com efeito de estufa, não é a menos afetada pelas consequências do aquecimento global. Trata-se de um desequilíbrio óbvio entre as responsabilidades continentais e o volume de recursos a seu favor”, alertou.

De acordo com a diplomata, os desafios climáticos do continente são imensos e derivados do aumento das temperaturas, secas, erosão costeira, risco de afundamento dos solos e inundações, tudo com real impacto na segurança alimentar.

Pois, prosseguiu, grande parte das economias africanas depende dos setores da agricultura e das pescas que são maioritariamente sensíveis às variações climáticas, sabendo-se que estes países têm relativamente baixa capacidade de adaptação.

Fez saber que a agricultura é fundamental para os grandes objetivos de desenvolvimento do continente, sobretudo para a redução da pobreza, o crescimento económico e a sustentabilidade ambiental.

“O crescimento económico no setor agrícola é duas a três vezes mais eficaz na redução da pobreza e da insegurança alimentar do que no crescimento noutros setores. Basta olhar para o comportamento do mercado alimentar africano que continua em franco crescimento”, sustentou.

Estima-se que a fatura anual de importação de alimentos em África esteja no valor de 35.000.000.000 dólares americanos e, segundo o Banco Africano e Desenvolvimento, isto pode vir a aumentar para 110.000.000.000 dólares americanos até ao ano de 2025.

A transformação digital da agricultura contribui para a melhoria dos meios de subsistência rurais, a segurança alimentar e nutrição, a redução da pobreza e da fome, o aumento da resiliência às alterações climáticas, o emprego dos jovens e a inclusão social.

Segundo ela, a agricultura é a fonte de subsistência de 70 por cento da população e representa 60 por cento do emprego total na África Subsariana.

Os empregos no sistema alimentar representam ainda mais,  jogando ainda a seu favor os 60 por cento das terras aráveis disponíveis no mundo, referiu Josefa Correia Sako.

Frisou que, mesmo com estas vantagens, o continente gera apenas 10 por cento da produção agrícola mundial, pelo que, lamentou, não consegue alimentar a sua população devido à baixa produtividade, ao subinvestimento, a políticas orientadas para cidades, entre outros estrangulamentos que impedem o acesso das populações ao capital produtivo, incluindo o baixo valor acrescentado e deficientes infraestruturas rurais.

Para impulsionar a agricultura e a nutrição, a CUA, em colaboração com a AUDA/NEPAD (Agência de Desenvolvimento da União Africana/Nova Parceria para o Desenvolvimento de África) e as comunidades economicas regionais, está a implementar um Programa Compreensivo de Desenvolvimento da Agricultura de África (CAADP, sigla em inglês) e outras ferramentas para aumentar a produção e a acessibilidade de alimentos, a fim de que o continente possa alimentar-se por si próprio, exportar e reduzir as crises alimentares provocadas pela seca e por outras calamidades naturais, todas relacionadas com as alterações climáticas, segundo a diplomata.

Através do CAADP, a CUA procura gerar e divulgar conhecimentos, inovação e tecnologia para a transformação da agricultura, nomeadamente a promoção de medidas para o desenvolvimento de infraestruturas rurais e o aumento do valor acrescentado, acrescentou.

Exemplo de tal iniciativa, disse, é o programa CAADP, que visa desenvolver parques agrícolas transfronteiriços para a implementação do Acordo de Comércio Livre Continental Africano (AfCFTA, sigla em inglês).

-0- PANA JF/DD 29maio2023