Balanço de manifestações de rua passa para nove mortos na Guiné Conakry
Conakry, Guiné Conakry (PANA) – Nove pessoas, das quais oito em Conakry, morreram desde o apelo de segunda-feira última para manifestações de rua, lançado pela Frente Nacional para a Defesa da Constituição (FNDC) no país, soube-se quarta-feira de fonte oficial.
A confirmação foi possível graças a verificações efetuadas junto dos serviços de segurança e hospitalares, de acordo com a fonte.
Quarenta e oito horas após as manifestações, o ministro da Administração Territorial e Descentralização, o general Boureima Condé, limitou-se a afirmar que houve apenas dois mortos, dos quais um gendarme assassinado com uma arma de caça, em Mamou, a quase 200 quilómetros da cidade capital, Conakry.
Num comunicado transmitido à PANA, o governante garantiu que o Governo condena “as consequências trágicas destas manifestações não autorizadas”, incluindo danos materiais importantes.
Apresentou as condolências do Governo às famílias enlutadas e ao povo da Guiné Conakry, frisando que o Presidente da República, Alpha Condé, ordenou ao primeiro-ministro, Ibrahima Kassory Fofana, para tomar todas as disposições necessárias a fim de esclarecer as circunstâncias das mortes e julgar pessoas implicadas.
Decididas na última semana, estas manifestações de rua visam desaprovar a vontade do Presidente Condé de querer modificar a Constituição a fim de de disputar um terceiro mandato, anticonstitucional, depois do segundo e o último de cinco anos que terminará em 2020, segundo a FNDC, a coligação dos atores da sociedade civil, sindicalistas e partidos da oposição.
Vinte e quatro horas após os acontecimentos, o ex-ministro guineense da Reconciliação Nacional, Amadou Oury Bah, afirmou à PANA estar "chocado" com o massacre registado.
Designado recentemente à frente da União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD) como candidato declarado às eleições presidenciais de 2020, Bah apelou ao chefe do Estado para tirar lições e consequências destas manifestações suscetíveis de se agravar, se ele não renunciar ao projeto de fazer modificar a Constituição para o terceiro mandato.
"A paz e a estabilidade do país estão entre as mãos do Presidente da República”, alertou Bah, um dos principais fundadores da União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG, principal formação da oposição), da qual ele foi excluído em 2016, alegadamente devido à sua proximidade com o regime no poder no país.
Os principais responsáveis da FNDC, nomeadamente o seu coordenador, Abdouramane Sanoh, ex-ministro durante a transição, Ibrahima Diallo, encarregado das Operações, Sekou Koudounondu, do movimento Balai Citoyen (Vassoura Citadina), foram presos no último fim de semana passado.
Eles compareceram quarta-feira última perante o Tribunal de Primeira Instância (TPI) de Dixinn, nos arredores da cidade capital, onde, após a sua abertura, a audiência foi adiada para esta sexta-feira.
O Presidente Condé recebeu na última semana um relatório sobre concertações nacionais relativas a questões de interesse nacional, pilotadas, a seu pedido, pelo primeiro-ministro.
-0- PANA AC/BEH/SOC/FK/DD 17out2019