BM alerta para gastos superiores às receitas em São Tomé
São Tomé, São Tomé e Príncipe- (PANA) – O Banco Mundial (BM) convidou o Estado são-tomense a mudar o modelo económico atual, para que haja um crescimento económico mais equilibrado, evitando despesas superiores às receitas.
Num Relatório Síntese Económico do País, divulgado segunda-feira na capital são-tomense, o BM adianta que o crescimento registado, entre 2001 e 2014, foi "muito baixo", porque se baseou "no aumento da despesa pública e no aumento do investimento público, financiado por empréstimos externos e donativos”.
O documento avança que à medida que os donativos foram caindo, aumentou o nível de endividamento, e o Estado deixou de honrar os seus compromissos e o crescimento económico desceu”.
Segundo Rafael Barroso, economista sénior do BM residente em Washington, nos Estados Unidos, a tentativa de prorrogar o crescimento económico levou o país a registar uma queda nas reservas internacionais.
“A nossa principal mensagem neste relatório, é que o modelo económico de São Tomé e Príncipe tem que mudar, não pode ser um crescimento impulsionado pela despesa pública, tem que ser um crescimento mais equilibrado”, afirmou.
Elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) com o financiamento do BM, entre agosto e novembro de 2017, o documento explica que, nos últimos 10 anos, o arquipélago observou défice económico, tendo gastado muito além daquilo que arrecadou.
“O setor público tem dívidas que não consegue pagar e tem dívidas atrasadas”, afirmou por seu turno o especialista moçambicano Carlos Maia, também economista sénior do Banco Mundial.
Infraestruturas diversas, incluindo portos, aeroportos e estradas bem como as pescas, o turismo, o credito mal parado e a subnutrição crónica são, entre outros, os setores de grande constrangimento que necessitam de reformas para impulsionar o crescimento económico.
“Esperamos quanto maior for o crescimento económico mais impacto teremos na redução da pobreza", afirmou Carlos Maia.
Em 2010, cerca de 68, 4 por cento da população tinha despesa de consumo diário a abaixo da linha de pobreza e, em 2017, este número baixou para 66,7 por cento, explicou o economista.
Carlos Maia fez parte de uma vasta equipa do BM, chefiada pelo seu representante para Angola, Guiné Equatorial, Gabão e São Tomé e Príncipe, que esteve no arquipélago lusófono na apresentação pública do documento.
-0- PANA RMG/IZ 17dez2019