Agência Panafricana de Notícias

BAD identifica projetos privados de $ 478 milhões em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) anunciou ter já identificado, no âmbito do compacto destinado aos países lusófonos, cerca de 20 projetos do setor privado, em Cabo Verde, no montante global de 478 milhões de dólares americanos.

De acordo com o economista do BAD para Cabo Verde e Guiné- Bissau, Joel Muzima, neste momento está a ser feita a triagem desses projectos para ser ver até que ponto podem ser financiados “nesta nova janela de oportunidade do compacto que providencia”.

Joel Medina integra uma missão do BAD que se encontra no país para preparar o documento estratégico de cooperação entre esta instituição financeira internacional e o arquipélago, para o período 2019-2023.

Falando durante a apresentação, sexta-feira, na cidade da Praia, das linhas diretrizes do documento estratégico, ele explicou que, para além da garantia de financiamento, o BAD deve também levar em conta uma componente de assistência técnica para garantir a “bancabilidade desses projetos”.

Ele  adiantou que, nos últimos cinco anos, nenhum projecto do setor privado, em Cabo Verde, conseguiu aprovação por parte do BAD.

Neste sentido, o diretor-geral adjunto do BAD para a região da África do Oeste, Serge N’Guessan, que chefia a missão, considera ser necessário  reverter essa dinâmica e trabalhar com as pequenas e médias empresas, já que “são elas que geram rendimento e criam emprego”.

“O setor privado produz riqueza e o setor público facilita os investimentos e é o que Cabo Verde está a fazer. Por isso, toda a estratégia do BAD, em Cabo Verde, é de acompanhar a integração do setor privado no processo de desenvolvimento do país”, precisou.

Ele recordou que, de 2014 a 2018, o BAD disponibilizou 100 milhões de euros para projetos de infraestruturas, em Cabo Verde.

No entanto, por causa do elevado nível da dívida, o setor público não poderá dar mais o seu contributo, pelo que é preciso uma alavancagem que passa pela introdução de instrumentos inovadores para o apoio ao desenvolvimento do setor privado.

“Nós disponibilizamos 100 milhões ao Estado para projetos de infraestruturas que são rentáveis. Para o setor privado podemos triplicar o investimento. É neste sentido que esperamos ter uma estratégia para os próximos anos de perto de 500 milhões de euros para o desenvolvimento de projetos estruturantes”, sustentou.

No novo documento estratégico em fase de elaboração, estão previstos alguns instrumentos como a garantia de créditos, garantias parciais de riscos e outros instrumentos inovadores de forma a permitir que as pequenas e médias empresas consigam o financiamento para os seus projetos.

O Governo cabo-verdiano, através do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, já requereu o apoio do BAD para a realização de um grande fórum de investimento para o setor privado para não só discutir o desenvolvimento de negócios, em Cabo Verde, como também trazer as melhores práticas internacionais.

A agricultura e a industrialização, tecnologias e economia azul são as áreas prioritárias já definidas pelo Governo para a cooperação com o BAD, para os próximos anos.

Olavo Correia pediu ao BAD a concentração de recursos por forma a que o país possa amplificar os resultados dos projetos financiados, e que resulte, sobretudo, na geração de riqueza e criação de empregos para jovens.

“Com o BAD nós queremos para os próximos tempos concentrar os recursos na modernização da agricultura e industrialização. Criar as condições para que possamos produzir em Cabo Verde, exportar para o mercado turístico e mercado internacional, mas também para domiciliar empresas que possam, em Cabo Verde, produzir e exportar, criando empregos para os jovens”, explicou.

O governante salientou que esta é uma área em que o BAD tem “bastante experiência”, pelo que o país quer contar com o apoio dessa instituição financeira para alavancar esse setor considerado “de capital importância” para o país.

-0- PANA CS/IZ 03março2019