BAD concede $10 milhões a Cabo Verde para enfrentar efeitos da guerra na Ucrânia
Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente do Banco Africano para o Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, anunciou, quarta-feira, na ilha cabo-verdiana do Maio, que a instituição financeira vai conceder um financiamento a Cabo Verde de 10 milhões de dólares para fazer face às consequências da guerra na Ucrânia.
O presidente do BAD deslocou-se a Cabo Verde para a inauguração das obras de requalificação e expansão do porto da ilha do Maio, num projeto que envolve também o porto da Palmeira, ilha do Sal, aprovado em 2018 com um custo total de 36,14 milhões de euros, financiado pelo banco africano em 17,87 milhões de euros. Os restantes 50% foram financiados pelo Estado cabo-verdiano, através da empresa que gere os portos do país (Enapor) em 20%, e pela União Europeia (30%).
Na ocasião, Adesina anunciou igualmente que o BAD quer apoiar Cabo Verde com um investimento de 20 milhões de euros para ajudar o país a estabelecer empresas de processamento alimentar, sublinhando que "a agricultura é importante".
"Cabo Verde pode contar comigo como amigo e com o banco como financiador", apontou o Presidente do BAD no termo da declaração que fez aos jornalistas.
Por sua vez, primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva agradeceu o apoio financeiro recebido do BAD, sublinhando que tem contribuído para a redução da pobreza no arquipélago.
“O BAD em Cabo Verde tem superado todas as adversidades colocadas pelos choques exógenos e sempre tem apoiado o país na sua agenda de progresso social e económico. Num período recente, alguns dos impactos das intervenções do BAD em Cabo Verde ajudaram a transformar os meios de subsistência das famílias e contribuir na redução da pobreza”, destacou o chefe do Governo cabo-verdiano, após receber, na cidade Praia, o presidente da instituição financeira africana.
"O facto de o BAD ter entrado neste projeto do Maio é sinal de que o BAD acreditou e viu que ia ter retorno. O BAD é um banco que acredita no desenvolvimento de África e no desenvolvimento de Cabo Verde", destacou.
Para o Governo de Cabo Verdd, a requalificação e expansão do porto do Maio é uma “obra estruturante” e uma das grandes prioridades para a ilha, visando o crescimento e desenvolvimento económico do país, com base na aposta nas potencialidades económicas da ilha e no reforço das infraestruturas do sistema nacional de transporte marítimo.
O objetivo é o de “contribuir para a melhoria das condições de vida das populações”, segundo as autoridades, que consideram que estão reunidas as condições para a realização dos investimentos de maior dimensão no setor turístico.
“A ilha de Santiago, face à proximidade, poderá complementar facilmente a sua oferta turística atual através de desenvolvimento de novos produtos, tirando benefício das potencialidades complementares das duas ilhas, assim como explorar através da ação concertada entre os operadores o potencial representado pelo fluxo de turistas em trânsito que se deverá verificar”, refere uma nota do Governo sobre a inauguração.
Com as obras, o porto vai ter 350 metros de cumprimento, uma profundidade variável até 15 metros, duas rampas para navios 'roll-on/roll-off', quebra-mar de 150 metros, duplicação do terrapleno e instalação de uma rampa metálica ajustável às necessidades dos navios de pequeno porte e construção de uma nova estrada de acesso com 800 metros de comprimento.
Durante o fim de semana, foi realizada uma viagem experimental e testes à rampa, com o navio "Liberdadi", da CV Interilhas, que segundo as autoridades cabo-verdianas decorreu normalmente, num momento considerado “histórico” para a ilha.
De recordar que a relação entre Cabo Verde e o BAD remonta a 1977 e que, desde esta data, este banco já investiu mais de 600 milhões de dólares no arquipélago,
0 – PANA – CS/MAR 08set2022