Agência Panafricana de Notícias

Aumento nítido de transferências de dinheiro de Ivoirienses para seu país

Paris, França (PANA) – As transferências de dinheiro dos Ivoirienses a partir de França para o seu país de origem registaram um aumento substancial desde a segunda volta da presidencial de 28 de Novembro passado no final da qual a Côte d’Ivoire mergulhou numa crise após a proclamação da vitória de Alassane Ouattara e de Laurent Gbagbo como Presidentes, indicaram terça-feira à PANA fontes seguras.

Longas filas de Ivoirienses, que desejam enviar dinheiro para o país, são visíveis nas portarias das agências especializadas nos bairros de Paris (capital de França) com forte concentração da diáspora ivoiriense, tais como os famigerados Château d’eau, Gare du Nord ou Château rouge.

"Antes da crise, os 400 euros que enviava mensalmente para a família cobriam largamente as suas necessidades. Agora, precisa-se de pelo menos 600 para cobrir o aumento dos preços dos produtos alimentares de primeira necessidade. É difícil", contou à PANA Fatoumata Diarra, na portaria de uma agência de transferência de dinheiro de Château d’eau.

Para Clément Yao, um Ivoiriense empregado como agente de segurança, é preciso enviar mais dinheiro para a família a fim de lhe garantir uma pequena poupança necessária que lhe permita partir caso a situação venha a degradar-se totalmente na Côte d'Ivoire.

"O contexto do país é tal que não se pode deixar os pais sem um pouco de dinheiro de reserva. Esta pequena poupança pode servir-lhe para apanhar um autocarro a fim de fugir se for necessário. Além disso, enviamo-lhes também dinheiro para que possam telefonar-nos também, se for preciso. Está fora de questão que seus telefones fiquem sem saldo", sustentou.

Outros Ivoirienses justificam este aumento por diversas razões ligadas à crise para explicar a progressão do orçamento que consagram às suas famílias que permaneceram no país de origem.

"O meu irmão mora com a sua família num bairro de Abidjan muito exposto. É obrigado a participar na cotisação semanal para garantir a segurança do bairro. Por exemplo, é preciso cotisar para assegurar chá, cigarros e alimentação dos jovens que velam toda a noite no bairro. Doravante, sou obrigado a prever este gasto nas minhas transferências", explicou Erick Touré, um trabalhador de manutenção.

Num circuito informal, a diáspora ivoiriense efetua exclusivamente as suas transferências desde a crise através das agências especializadas, apesar das fortes taxas cobradas.

"O circuito informal tornou-se nitidamente menos seguro com a crise. Os correspondentes estão a ser dificilmente contactados a fim de levantar o dinheiro no destino. Além disso, no circuito informal, todo mundo sabe que recebeu dinheiro; é perigoso no contexto de escassez atual", justificou Germaine Yao, cabeleireira em Château rouge.

Mais de 30 mil Ivoirienses estão recenseados em França, segundo estatísticas oficiais que sublinham que a grande maioria da diáspora ivoiriense se concentra em Paris e na região parisense.

Os migrantes ivoirienses destaca-se mais nos setores da segurança, da limpeza, de cabeleireira e da restauração.

-0- PANA SEI/SSB/IBA/CJB/DD 4Jan2010